A vida dos médicos privilegiados

Sou médica interna. Sou médica daquelas que demoram muito. Não entupo urgências, porque não trabalho lá, mas deve estar muita gente à minha espera, na sala onde se espera. De certeza que pensam que sou “estagiária”. Não tenho carro, vivo numa casa alugada, pago as contas (às vezes em atraso). Trabalho, estudo, vivo em constante preocupação porque tenho que estudar mais, tenho de fazer relatórios e posters e apresentações. Vivo entre exames, artigos científicos e isso sim, trabalho, muito trabalho. Ao meu lado estão outros médicos internos. Raramente adoecem.. estão lá, ganham o mesmo que eu. Estou motivada, mas menos motivada, estou lá, mas às vezes penso que devia estar noutro sítio. Às vezes chego ao fim do mês à justa. No talão diz 1800… acho…, mas chega bastante menos à conta na CGD. Não sou especialmente ambiciosa. Nem especialmente poupadora nem gastadora. Compro roupa na Zara e móveis no IKEA (dos baratos). Tenho o apartamento alugado meio vazio, mas não faz mal porque passo lá pouco tempo. Tenho uma secretária de 1,50m de largura no trabalho, que está sempre muito cheia. Tenho o novo corretor ortográfico no computador, mas irrita-me. Vou à pagina da  Ryanair quando estou pensar em férias. Mas cada vez penso menos. Não tenho animais de estimação, mas gosto de animais de estimação.  De manhã acordo mais tarde do que devia, mas chego a horas ao trabalho. Vou a pé, porque vivo na baixa (isso deve ser um luxo). Estou inscrita num ginásio ao qual raramente consigo ir. Cada vez que abro o facebook vejo salários de políticos aos quais não sei atribuir significado. Depois vejo salários de médicos que não conheço. Às vezes leio os comentários das pessoas revoltadas com o que ganham os médicos, com o bem que vivem. Eu devo ser da classe privilegiada, porque sou médica. Não tenho carro, não tenho casa própria, não tenho um iphone, porque me parece excessivamente caro. Ganho 1200 euros. Tenho 30 anos. Matei-me a estudar na faculdade, tenho o trabalho em dia, mas não sou lá muito inteligente porque me esqueci de pagar a conta da edp. Na sexta-feira cheguei às 21:00 a casa (devia ter saído às 18:00) e tinham-me cortado a luz. Tenho de me organizar melhor. Na televisão não falam dos sacrifícios, não dizem que fiquei horas a mais a fazer o trabalho que estava a menos, porque sou lenta talvez… Deve ser isso. Não fui para a night porque estava esgotada. Dormir é uma das minhas grandes prioridades. Não vou muito ao cinema, nem vou aos eventos culturais de que gostaria. Não viajo muito, nem vou jantar a restaurantes caros. Sou médica… é verdade. Médica interna,  jovem inexperiente. Daqueles que entopem urgências e custam muito dinheiro ao estado porque estão em formação… Deve ser melhor para os recém-assistentes que estão à espera do contrato para a semana há um ano… Ao longo do internato que vejo passar… só vejo as coisas piorar. Mas estou muito motivada, amanhã vou trabalhar.

Ana Cátia Morais

168 thoughts on “A vida dos médicos privilegiados

  1. O nosso tempo é o bem mais valioso que temos. 100, 200, 300 eur por cada 60 horas que trabalhamos, por cada 40 horas do nosso tempo, é insultuoso. O que eu não percebo é como é que há cada vez mais gente sem emprego enquanto a outros é-lhes exigido que trabalhem cada vez mais por cada vez menos dinheiro. A maior parte das pessoas não quer ficar a vida toda de papo para o ar. O trabalho pode ser muito bom. Mas do modo que as coisas estão, o trabalho destrói, é perigoso até. Nós, assalariados, trabalhadores sem contratos, funcionários públicos ou do privado, desempregados, estudantes, i/emigrantes, estamos todos no mesmo barco. E enquanto não reconhecermos que a nossa luta é a mesma, então vamos perder ainda mais do nosso precioso tempo a rebaixar-nos uns aos outros, em vez de nos encorajarmos mutuamente para encontrarmos alicerces menos corruptos para o nosso futuro.

    • Duvido que muitos que vem aqui comentar sejam mesmo Medicos.
      Tambem duvido que a Catia seja medica…30 anos…
      Que Medica e´ela que afinal, ate nem pagou a conta da EDP, porque se esqueceu???? Esqueceu?…entao uma rapariga de 30 anos, medica , nao sabe que as contas bancarias servem TAMBEM para pagamentos da agua, luz, telefone e internet e muito mais???
      Medica??…esta vem escrever em nome do que REALMENTE gostaria de ser ou ter sido…
      Leiam BEM o texto dela…
      Medica???? e ate lava a roupa a mao…tadinha!!
      Uma pessoa lirica, que vem para a Net fazer-se passar por outra pessoa atras de um PC e que nao tem nada que fazer…
      Uma parvoice pegada e que pelos vistos tem muita gente a dar credibilidade ao que nao e´minimamente credivel…
      Voces mesmo acreditam no que ela escreve?? entao se voces estao TAMBEM medicos…fico MUUUUUUUITO preocupada com os nossos futuros medicos… sao todos assim como voces??…
      A CLASSE MEDICA e´que SEMPRE se julgou superior a outra classe profissional qualquer.
      Olham SEMPRE por cima do ombro para o doente…
      CLARO que ha excepções e a ESSES eu tiro o chapeu!
      Agora este Blog e´uma treta pegada…uma falsidade pegada…

      • Há aqui muitos colegas e não colegas em espírito de comentário sério que muito valorizo. Por respeito a quem o merece vou-me abster de continuar a comentar este comentário. O SNS está muito mal, mas também a televisão, os media e a oferta cultural. Assim se pescam na rede de vez em quando este tipo de “pensamentos”.

  2. .. Os arquitectos .. com 35 .. ganham 800€ .. a recibos verdes e .. vivem em casa dos pais !! [entendo que ninguém está bem com a vida que tem.. mas.. no further comments Dra!]

  3. Compreendo muitos dos pontos mencionados. Li em muitos comentarios a sugestao de imigrar. é verdade que temos tendencia a pensar que ‘a galinha da visinha é melhor que a minha”, mas….posso dizer que durante muitos anos (e ainda é o caso) os medicos, investigadores, professores universitarios em Portugal tinham regalias salariais muito acima da media europeia. Sou professora/investigadora en França (33 anos). Hà 4 anos, apos o meu doutoramento, fui convidada para ser docente numa Universidade Portuguesa (salario: à volta dos 3000 euros). Aberrante, achei eu! Por razoes pessoais decidi nao aceitar, e vim para França onde (apos 4 anos de contratos) sou professora investigadora (salario: 1750 euros).
    Quando se queixam que nao têm carro e que a casa é alugada….. Com o meu salario, nao é possivel alugar um estudio de 20 m2 em PAris (nao exagero) . Felizmente sou casada e o meu marido nao é medico nem faz investigaçao.

    Quero dizer com isto: Portugal foi et continua a ser um mau exemplo de gestao. No passado pelos salarios exorbitantes e hoje pela falta de reconhecimento. Acho que o valor real do trabalho na nossa area nao pode ser contabilizado en Euros….
    Apesar de tudo, estimem-se felizes por viverem num pais com subsidio de desemprego, reforma, segurança social etc….. Conheço colegas (estrangeiros) que vivem em paises em gerra e nao se queixam das condicoes de trabalho (operaçoes fora do bloco, falta de medicamentos etc). Acreditem que é muito pior do que em Portugal.

  4. Pedro Rochinha: Pelo que entendi, a senhora não se está a queixar das condições de trabalho ou do seu vencimento. Creio que pela narrativa se entende que este não é o ponto central de descontentamento: poderia ser melhor, mas faz-se o que se pode. O tema central, e o que a levou a escrever este texto, é não entender porque há pessoas que julgam a sua situação como “privilegiada”. E sim (lá vamos nós) há muitas pessoas pior do que ela, que nem emprego tem, etc, etc, etc, …. mas pronto, eu, pessoalmente, creio que a agulha indicativa de descontentamento deveria estar colocada um pouco mais acima do que o zero.

    • Maggie: pelo que entendo, em Portugal esta mau mas no Canada estamos pior, Mas isto e a minha opiniao! Life his not perfect but ,
      have to do…

  5. Há aqui uma questão que é importante esclarecer… se a profissão de médico não se alterou nos últimos anos porque é que pessoas com médias incrivelmente altas foram para medicina? não sabiam da responsabilidade?não sabiam dos sacrificios que tinham que fazer?não sabiam que tinham que estudar toda a vida? Se não queriam nada disto tinham ido para outro curso, que tinham média para entrar de certeza. Ou foi um chamamento? sendo assim não vejo razão para se queixarem das condições que têm, não são assim tão más. De certeza que não deve haver nenhuma freira ou padre que se queixe sobre os rendimentos que possuem…Agora se foram garimpeiros em busca de um el dorado… bem vindos à realidade!

    • Exatamente Pedro Rochinha, concordo com as suas observações. Se quem escolhe seguir a carreira médica sabe que terá tantos sacrifícios pela frente porque não escolhem ir antes para Economia, Gestão, Direito, Engenharia, Contabilidade??… Afinal de contas não seria tudo muito mais fácil? Se ser médico não traz privilégios em relação às outras porque escolhem essa carreira? É uma vocação?! São PRIVILEGIADOS e mais nada! E ainda bem para eles! Para os não médicos é que está mau porque são obrigados a suportar esses privilégios, seja de forma direta, seja de forma indireta através de impostos.

  6. É claro que o salário é mais do que insuficiente para a responsabilidade e para as funções altamente especializadas que exerce e que requerem uma formação muito exigente. O salário que recebe é indigno. É claro que quem não quis estudar, não se esforçou, que se encostou a qualquer coisa, acha que um médico, um juiz, um professor deve ganhar o salário mínimo (€485) ou vá lá €700 ou €1.200 (para serem bonzinhos) e que já se deviam dar por satisfeitos. Enfim, o nosso país não premeia o mérito, não premeia quem se esforça, premeia os preguiçosos, os que copiam nos exames, os que têm chico-espertices para conseguir tudo sem esforço…

    • É mesmo isso João… E é muito triste que assim seja. O pior é que os que menos fizeram pela vida e mais se encostaram, são os que mais apontam o dedo. 1200€ dá 40€ por dia… com muitas horas de trabalho extra e estudo. É o que ganha uma empregada de limpeza em 4 ou 5 horas de trabalho, ou um canalizador numa hora. Mas ninguém se revolta contra os canalizadores e empregadas domésticas, que muitas vezes nem descontam ou declaram um ordenado mínimo e nem investiram dinheiro a estudar. E que muitas vezes ganham mais do que profissionais com grandes responsabilidades e obrigações! Enfim…é muita dor de cotovelo pelo sucesso dos outros.
      E eu nem sou médica…

      • Não são 1200 euros, são 1800 euros. Boa parte da diferença é retenção na fonte que o hospital faz por conta do IRS a pagar no final do ano, mas é salário na mesma. Mais uma vez repito, não é muito, os salários em portugal são uma miséria, mas dizer que se passa dificuldades com 1800 euros é ridículo e mesmo insultuoso para quem ganha 20% disso e tem de sobreviver com a mesma casa para pagar e filhos para manter.

      • E então Pedro, acha que ninguém deve ganhar mais do que 600€ só porque não tem filhos?Já viu, que por mês, essa senhora deixa para o estado 600€ que pagam o subsídio de alguém? A senhora não se estava a queixar de não lhe chegar para as despesas. Mas acha mesmo que 1200€, para quem tem vidas em mãos, e uma vida inteira de estudo e muito investimento pessoal está a nadar em dinheiro com 1200€!? Ninguém diz que é pouco! Claro que há gente a viver com muito menos (eu por exemplo). A questão aqui é de que não é assim tanto, para a responsabilidade que acarreta e o investimento pessoal e não só profissional que a profissão exige, para serem considerados “privilegiados” . E é esse o tema do texto…

      • Claro que deve haver salários acima dos 600 euros e muito mais, em função do mérito, da produtividade, responsabilidade etc…! Alguma vez disse o contrário? O que eu disse e reafirmo é que ganhar 1800 euros em início de carreira e vir-se queixar que não chega para as despesas é ridículo, É RIDÍCULO POR DUAS RAZÕES, 1º porque em condições normais deveria chegar e 2º porque estamos num país onde muita gente sobrevive com 20% disso todos os meses.

      • Caro Pedro P.

        A questão que aqui se põe não se prende apenas com dinheiro, apesar de o dinheiro, neste caso, o salário, ser uma forma de reconhecimento pelo investimento que se faz numa carreira e pela importância e responsabilidade que se associam a essa mesma carreira. Haverá outros factores importantes para se definir um “salário justo”, mas para já, penso que estes chegam, precisamente porque não quero centrar a discussão neste ponto. Aquilo a que chamo à atenção, e que está descrito de uma forma inteligente neste texto (e não tão súbtil assim), é a falta de qualidade de vida que muitos médicos enfrentam nesta fase – e digo nesta fase porque compreendo que nem sempre foi assim. Como há-de reparar no texto, vida social é algo que falta a vários internos ou especialistas de medicina. E de nada serve ganhar 1800€ (que são, de facto, 1200€) por mês se depois não tem tempo para investir os frutos do seu esforço no seu bem-estar. Pode-se sempre optar por viver de subsídios. Nesse caso, o valor desce para um terço ou metade, é certo. Mas tem o dia todo (ou quase todo) para fazer o que bem lhe apetece (ou não fazer nada). E, claro, poderá dizer que há quem ganhe menos e também não tenha condições para “curtir a vida”, mas a isso chama-se “tapar o sol com peneira”. Não vale a pena acomodarmo-nos com algo que está errado só porque há outros que não têm outra hipótese senão acomodar-se. Esforcemo-nos por mudar o que está errado e levar a que essa mudança também se repercuta positivamente nos outros, e nunca o contrário! Também poderá dizer que quem foi para medicina já ia a saber com o que contava e que se não queria, não devia ter escolhido esse curso. Essa análise, mais uma vez, só se centra no factor “salário”. Acredite ou não, ainda há uma grande percentagem de médicos que seguem esta carreira por gosto. Por paixão! Pelo prazer de ajudar os outros. E também há utentes que sabem reconhecer isso e que vêm no médico um amigo e verdadeiro apoio.
        Em suma, não considero que seja “ridículo” manifestar mau-estar com esta situação. Não defendo que o dinheiro/salário deva comandar a vida, mas, infelizmente, é uma das formas de compensação pelo investimento que os médicos fazem e que, frequentemente, lhes limitam o tempo para coisas muito importantes, como por exemplo, o tempo em família. E, talvez, a sociedade de hoje esteja a ver as coisas pelo prisma errado: investe-se e trabalha-se para poder ter dinheiro suficiente para dar o melhor aos filhos, quando, na verdade, o melhor seria não estarmos tão dependentes de dinheiro e podermos, assim mesmo, darmo-nos mais aos filhos, que é disso que muitos precisam e não têm. E, quem sabe, nessa altura, pode ser que os melhores alunos decidam que, por muito que gostassem de ser médicos, o sacrifício a que serão obrigados não trará qualquer compensação. Pode ser que nessa altura se invertam as tendências, as médias de entrada na faculdade desçam e os cursos comecem a ser frequentados não por aqueles que têm maior capacidade para desenvolver a profissão, mas por aqueles que, simplesmente, não entraram em mais lado nenhum. Nessa altura, quero ver quem se queixa…

      • Caro José Falcão:

        Não tenho conhecimento de causa para comentar as condições de trabalho dos médicos, por isso não refuto as suas conclusões. Mas tenho sérias dúvidas que sejam condições de trabalho piores que a média dos portugueses. Já aqui foram dados “n” exemplos, como os professores etc… Embora seja indiscutível que trabalhar 20 horas seguidas (aquando de estar em escala) não é justo nem parece muito produtivo sequer. Agora se com tanto trabalho nem tempo têm para usufruir dos salários (relativamente) elevados (como refere), isso resolve-se fácil. Deixo aqui o meu IBAN e eu ajudo a gastar!

      • Pedro P

        Faça o favor de deixar o seu IBAN, então. Pode ser que ultrapassando a questão do dinheiro (ou falta que sente dele) lhe consiga abrir os horizontes para o real teor desta discussão. Enquanto nos centrarmos nesse ponto e usarmos outras tristes realidades para aclamar o silêncio, comodismo e apatia daqueles que se sentem injustiçados, garanto-lhe que não saímos do sítio onde nos colocamos / colocaram.

      • Caro José Falcão:
        Fala de papo cheio está mesmo a ver-se, é muito bonito falar de “apatia dos injustiçados” e “aclamar o silêncio” quando não ganha o salário mínimo. Não fui eu que me queixei que o meu salário não chegava (por acaso o meu chega), foi a sra. dra. mandriona (que disse que 1800 era pouco) e foi sobre este aspeto que me debrucei. Quanto às condições de trabalho dos médicos não tenho conhecimentos para comentar, mas isso também já comentei. Este post fez-me lembrar as declarações do nosso ilustre Presidente da República, quando disse que mal tinha dinheiro para comer com uma reforma de três ou quatro mil euros. Comparativamente, até pode ser uma reforma baixa entre os políticos europeus, mas dizer isso em Portugal, e tendo em conta o que a maior parte dos portugueses ganha, é PATÉTICO E INSULTUOSO. E já chega deste assunto, se não percebe isto que escrevi, ou é lento ou está a fazer-se de desentendido, seja qualquer das duas não tenho o interesse de lhe explicar pela enésima vez.

      • Caro Pedro, talvez esteja a passar dos limites com a sua falta de educação. A boa educação não se compra com dinheiro nenhum, é gratis. Até uma pessoa que ganha metade do seu salário pode ser educada. E há muitas que o são. Comparar os médicos ou as suas queixas ao Presidente da República, numa altura como esta é um acto de insanidade. Aconselho umas benzodiazepinas para se acalmar, ou talvez algum colega especialista na área possa aconselhá-lo melhor, desde que lhe pague claro, que ninguém quer trabalhar para aquecer. Se quer que ganhemos todos o mesmo então atire-se ao seu canalizador ou electricista que ganham bem mais do que a maioria dos colegas que por aqui comentam. Quanto a você, parece-me que: se for tão bom no seu trabalho como é a argumentar, seja lá o que faça, está overpaid.

      • Caro Falcão:

        Como diz a minha mãe, o sr. deve conseguir ver mosquitos em Santa Tecla daí. Porque em nada lhe faltei ao respeito. Se um dia lhe faltar ao respeito acredite que vai notar com facilidade. Não chegarei com certeza ao seu nível intelectual, já que até usa palavras em inglês e tudo (overpaid uau que chique!) mas pelo menos boa educação tenho. Admito que ser comparado ao Presidente da República não seja muito elogioso hoje em dia mas daí a ser insulto vai uma grande distância. A mesma distância que vai de quem não tem argumentos e usa o argumento da falta de educação como poeira lançada sobre os argumentos contrários.

      • Sr Pedro P.

        Há-de reparar que a publicação à qual se refere na sua última entrada não é da minha autoria. Em todo o caso, embora não me reveja totalmente no que lá está escrito, foca um ponto interessante. Há profissionais cuja formação não obrigou nem de longe, nem de perto ao investimento e sacrifícios que são exigidos a um médico em formação (que demora, em Portugal, entre 11 a 13 anos a tornar-se especialista) e que são bem melhor pagos pela hora de trabalho. No texto em questão, fala-se de um electricista. Eu conheço um caso de um serralheiro que cobrou 70€ por 15min de trabalho (10min de deslocação + 5min de mão de obra) e não é caso único. A verdade é que não se ouve ninguém a queixar-se dos preços cobrados por outras classes profissionais. Não lhe parece estranho que haja tanta reactividade aos médicos e tão pouca a estes profissionais? Eu pratico medicina porque gosto! Eu sujeito-me ao sacrifício porque compreendo a importância de praticar medicina e sinto-me gratificado pelo bem que julgo fazer. Mas chega a um ponto em que se torna insustentável. O Sr. critíca esta colega que se queixa – de passagem, porque, volto a dizer, não me parece que seja o ponto central do seu “desabafo” – de receber €1200. Mas, actualmente, há colegas a receber cerca de €800 por horário completo e a recibos verdes. Poder-me-á vir falar dos enfermeiros que trabalham, uma grande parte deles, a recibos verdes, e, se calhar, até recebem menos. Eu simpatizo-me com a sua causa, mas na verdade, não tira qualquer validade à minha! Da mesma maneira que não a tira vir-me dizer que há quem tenha de sobreviver com ordenado mínimo e não se queixa. As pessoas quando investem na sua formação fazem-no com expectativas, a maior parte delas, atrevo-me a dizer, perfeitamente legítimas e realistas. E a realidade é que essas expectativas saem goradas porque alguém viu que a saúde é um negócio e decidiu que precisava de mão-de-obra barata – médicos, enfermeiros, etc.. Não vou entrar muito mais neste assunto para não correr o risco de ser acusado de alimentar “teorias da conspiração”, mas gostava que reflectisse sobre o facto que enunciei um pouco acima: porque raio há tanta reactividade a um médico que faz um desabafo e tão pouca reactividade aos tais profissionais que ganham tanto ou mais com um investimento em formação e responsabilidades muito inferiores?

      • A reatividade é a um “post” público de quem se expõe na internet. Se um eletricista vier queixar-se para a internet do que ganha, terá a reatividade que merecer. Nota: São 1800 euros e não 1200 euros, uma mentira dita muitas vezes, começa a passar por verdade. Acabo concordando consigo numa coisa: Assunto encerrado.

      • Acho que tocou num ponto crucial Diana. Hoje em dia há muita gente que prefere tirar cursos sem a mínima saída profissional (para poderem dizer que têm um canudo) ao invés de tirarem cursos técnicos com imensa potencialidade. Se me dessem a optar entre “Sociologia” “História” ou “Curso técnico de Soldador” “Curso técnico de Canalizador/Electricista” eu não hesitaria. E ninguém tem que se revoltar contra os canalizadores porque cobram x à hora. A verdade é que há uma grande carência nesse ramo técnico. Ninguém quer tirar esses cursos por muita gente vistos como “menores”. Sou engenheira e trabalho numa fábrica e a verdade é que encontrar um soldador disponível por exemplo é como encontrar um agulha num palheiro. Ganham 3000 euros por mês e se for preciso ainda fazem uns “biscates” por fora.

      • Pedro P.

        De facto, não vale a pena argumentar consigo porque não consegue entender por completo o teor da publicação desta senhora, nem, aparentemente, a minha. A “reactividade” a que me refiro não é da sua ou de outras publicações que surgem após leitura do texto que deu início a esta discussão. É a reactividade que a opinião pública têm vindo a desenvolver em geral face aos médicos e que, sendo frequentemente injusta, deu azo à frustração e desabafo da autora. Já não espero que compreenda. Alguém que não tem sequer a humildade para admitir e se desculpar do erro que cometeu na publicação anterior e ainda tem a arrogância de declarar unilateralmente “assunto encerrado”, não terá a flexibilidade para sequer considerar os argumentos dos outros. Se o senhor quer encerrar o assunto, deixe de publicar. Eu, por cá, prosseguirei o assunto durante o tempo que me interessar.
        Já agora, dizer que “há quem ganhe o ordenado mínimo e não se queixe” está bastante longe de ser a realidade da maioria da população. O senhor pode não o saber porque talvez não se queixem a si. Mas sabe a quem se queixam sistematicamente? Aos seus médicos!
        Se quiser, realmente, encerrar o assunto, aqui está a sua oportunidade: não responda! Não me parece que se perca nada.

      • Ó génio, quando eu falei em assunto encerrado, era da minha parte como o referi e como é óbvio. Por mim pode continuar a falar do assunto até que as galinhas ganhem dentes que a mim não me importa absolutamente nada. Já disse o que tinha a dizer, quem leu tira as suas conclusões e…… assunto encerrado.

  7. Já fizeste as contas? A mim nao me dava lucro algum tirar o curso: 6 anos sem poder trabalhar, ou pelo menos nao a serio, o custo do material, deslocações, propinas…Ao final adoptei uma mentalidade: por uma parte faço o que gosto, e por outra ganho dinheiro. Da uma grande liberdade para, eventualmente, assim que finalizar o período de formação onde és apenas um escravo que trabalha nunca menos de 60 horas semanais, ir para um país onde o trabalho que fazes e a responsabilidade que levas seja pelo menos agradecida, porque paga nunca será…

    • to LuboÅ¡:Obraz Boha Bibli je tak rozdílný, protože jde o zápisy myÅ¡lenek lidí v rozmezí mnoha staletí.Církev pro nás není prostÅ™edníkem, ale spo™ačenstvím.FeráÅle si volíme a jsou ve stejném postavení vůči bohu jako kdokoliv jiný.Modlit se v kostele nikdo nikoho nenutí, ani to není povinné. Lidé se prostÄ› rádi v kostele scházejí.Církev (společenství) nikomu nehrozí, a svÄ›t se mi zdá docela dobrý.

    • Ora aqui está uma excelente resposta. Estudei o mesmo que um médico (exceptuando o facto de ter estudado e poder tratar mais de 5 espécies, ao invés de uma só), fiz um curso de 6 anos, os meus pais investiram uma fortuna em mim (concerteza não maior que a investida em qualquer recém-médico) e, quando comecei a trabalhar, estava a ganhar 750 euros. Trabalhei quase um ano sem contrato e a ter de viajar 120 km todos os dias (para cá e para lá) porque gastava mais dinheiro a alugar casa do que a ir de comboio. Considerei-me uma sortuda porque a maioria dos meus colegas ou estava a ganhar entre 500 e 690 euros ou estava desempregada. Entretanto tive de sair do país para conseguir a posição que queria, em Portugal era impossível encontrá-la. Estou longe da minha família, do meu namorado, dos meus amigos, num país estranho e frio. Se me queixo? Nem por isso. O que podia pedir mais? Estou a cumprir o meu sonho. Só tive de sair do meu país para o fazer.

    • Let’s hope he uses ye olde Coesnrsgional Probe style to excise the entrenched media accreditation political pitbulls handling foreign press (read: HFPA, strange-hold on new members/MPAA issues).

  8. Alguem me enviou este “episódio de vida” duma Colega Interna. Para não ficar qualquer dúvida , sou Assistente Graduado Sénior em Anestesiologia. Não vou falar em remunerações, importância das diversas profissões na Sociedade, porque passa a ums discussão estéril e sem fim. Somos todos necessários e se acreditamos na Democracia participativa, aí sim , poderemos ter novas opções. Mas relembro que muitos dos factores que levaram a esta situação, que apelido de catastrófica foi a perda de valores que levam a quem nunca tenha trabalhado possa decidir por quem trabalha. Obrigado a todos , que me obrigaram a esta reflexão,.

  9. Meu Deus, uma pessoa escreve um desabafo (na minha opinião muitíssimo justificado, mas podia não ser, é um desabafo). a coisa fica viral e (quase) TODA a gente vem para aqui deitar abaixo, dizer que recebe principescamente, que não se devia queixar ou então queixar-se por cima, fazendo as suas dores ainda maiores que as da Autora do texto.
    Por essas e por outras é que Portugal está como está… quando se vê alguém em baixo ou se pisa ou se diz que já se esteve pior e não se queixaram.
    Manquem-se!
    1200€ líquidos é pouco para quem estudou 10 anos, para quem trabalha 12 horas com responsabilidades brutais.
    se 400€ é poquíssimo para quem trabalha 8 horas? sim, também.
    mas 800€ é imenso para quem finge que trabalha 8 horas mas passa o tempo no facebook e quejandos.

    tudo é relativo, mas na relatividade da Autora 1200€, ausência de vida social, responsabilidades imensas e – acima de tudo – zero horizontes, é o suficiente para a fazer desabafar as suas dores.
    respeitem-no.

      • É de suma impôrtancia este programa estar no ar, isso demonstra que as baixarias provocadas em cima daqueles considerados minorias “por parte de uma sociedade hipócrita e igo2tanre&#82n1; que menospreza as pessoas e suas qualidades quanto ser humano, nos faz pensar que tipo de mundo vivemos… Parabéns à Equipe, aos Movimentos de Classes e aos Cidadãos de Bem… Que lutam por equidade, pela vida e a Paz…

  10. É a vontade que dá mesmo… Emigrar…. Para um país onde sejamos mais reconhecidos. Aliás deveríamos emigrar todos. Depois queria ver quem lhes tratava da saúdinha. Boa?!

  11. Antes de mais, e se calhar por ser da área de Letras, os meus parabéns à capacidade de escrita. Lamento que seja tão real. Como cidadã deste país revolto- me com esta situação. Qualquer pessoa analfabeta sabe que o curso de Medicina é o mais difícil e trabalhoso de todos, não me venham com comparações da treta. Quem não pensa assim que vá para a Coreia do Norte ou para Cuba, onde todos ganham o mesmo independentemente do esforço, dedicação e sacrifícios… INVEJA, essa palavra que já Camões deixou bem acente no último canto dos Lusíadas, e tão fácil de identificar neste nosso povo de brandos costumes!!! Lutem por uma remuneração mais justa que bem merecem e quanto à opinião pública não se preocupem…quando eles adoecerem vão dar o devido valor ao vosso trabalho!
    Ps. Aos invejosos proponho que percam tempo a lutar pelos seus próprios interesses!

    • Obrigada pela sua opinião e pelo elogio. Felizmente ainda há pessoas com opinião e ideias próprias que não absorvem passivamente toda a bazófia que se lhes injecta na comunicação social.

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  12. Compreendo a tua frustração. Trato-te por tu porque somos praticamente da mesma idade. Como pós-graduado em direito, defendo que os médicos devem ser bem remunerados pois estudaram muito para lá chegar e têm uma profissão de grande responsabilidade. E acredito que com o tempo o seu salário irá melhorar… Justamente, diga-se.
    Agora, não te queixes com um salário de 1800 € no internato. Porque já é um salário bem razoável para quem acaba de sair da faculdade. Para quem ainda “nem é bem médico”, se é que me faço entender… Muito mas muito acima da média.
    Contudo, espero que estes 1800 € melhorem consideravelmente com a especialidade e com o passar do tempo. Porque ser médico não é para todos.
    Mas nunca te esqueças… Tudo a seu tempo.

  13. Tomar um pelo todo ou o todo por um não leva a nada. E esse é um dos grandes problemas na nossa função pública. Os trabalhadores deviam ser remunerados pelo seu desempenho profissional e não por terem a categoria “a”, “b” ou “c”. Trabalho num hospital há 17 anos. Sou administrativa e não sou funcionária pública. Conheço médicos e enfermeiros, pelos quais tenho uma admiração enorme, que têm pela profissão que escolheram seguir e pelos doentes que tratam com saber, uma enorme dedicação, respeito e, direi até, amor. A esses, qualquer valor que o Estado lhes pague, ficará sempre aquém do que realmente merecem. Outros há, porém, que por pouco que se lhes pague será sempre demais atendendo aquilo que (não) fazem. E isto é válido para qualquer profissão.
    Não sei, porque não conheço, a qual dos grupos pertence a Ana Cátia Morais mas oxalá seja ao primeiro que referi. E ai sim, tem todo o direito, o dever até, de se queixar e insurgir relativamente aos 1200€ que recebe ou os 3000€ que venha a receber um dia porque, nada paga a saúde e até as vidas que diariamente lhe são postas nas mãos.
    Até ao dia que em Portugal se reconheça e valorize, também monetariamente por ser também importante para a auto-estima, estes profissionais de mão cheia, sugiro à Cátia que, quando estiver com “dificuldades de tesouraria” se lembre dos sorrisos e certamente do eterno agradecimento das pessoas a quem aliviou ou livrou de padecimentos e isso seja para si um incentivo para continuar a fazer mais e melhor.
    Felicidades e, se é médica de corpo e alma, não imigre. Por favor!!!

    • É triste ver pessoas que se queixam quando ganham 1200…euros… eu ganho metade, tenho uma casa que ando a pagar aos poucos, tenho um carro e vida social reduziu drasticamente a partir do momento que decidi ter o meu canto.
      Tenham os motivos que tiverem, infelizmente, não temos tudo de mão beijada e sem sacrifícios, tirando pessoas que nos dias de hoje têm ajudinha, a dita cunha, e alcançam posições/valores superiores com mais facilidade. Por isso se não nascemos em berço de ouro temos que saber gerir aquilo que temos. Se não tens um Audi tens um Fiat, se não moras numa vivenda moras num apartamento, se não vais jantar fora tomas um café, etc.
      Bens materiais não é tudo. Melhor é termos aqueles que amamos perto de nós e podermos desfrutar bons momentos junto dos mesmo.
      E não se queixem tanto que há pessoas em situações bem piores!!!

      • I, too, have been a passionate advocate for the poor and for ennobling poor families. I have not yet written about these people in my life, but I have two biographies waiting to be written when the subjects are released from jail. It is an act of compassion to tell the stories of the poor, even if your protagonists wear frills on their sleeves and track hundreds of pounds of gold. You didn’t need to make Lo&n2dn#8o17;s poor visible in your narrative, but you did, and I thank you.Ron Fischman´s last blog post ..Like? 0

  14. Bem, emigrar e não imigrar!!!…..
    E a ti, Cátia, desejo a maior sorte do mundo. E, já agora, põe as contas a pagar por transferência bancária!!!!

  15. Sou médica (desde Set 1999), fisiatra (desde Fev2007) e doutorada em fisiatria (desde Maio2013). Trabalho totalmente de graça, sem qualquer vínculo hospitalar, desde 2007 numa consulta altamente especializada do país, reconhecida internacionalmente. Em dois dias entro às 8h30 e saio às 17h. Não falto (!!!!!!!) porque os doentes precisam de mim, até quando me arrasto doente e cheia de dores, mas sorrindo sempre porque eles sim, estão doentes. Nada recebo mas tenho 30min para almoçar! Mas não tenho de pôr o dedo!! O programa informático bloqueia frequentemente, as instalações são péssimas. Não tenho secretária. Ensino/ Ajudo jovens internos de várias especialidades que por lá passam. E eu vou ficando, porque os doentes precisam verdadeiramente de mim e porque poderia ser eu, poderei ser eu, ou a minha mãe ou o meu filho. E o meu filho pergunta-me porque à segunda e à quarta o vou buscar tarde, porque sabe que nada recebo. Um dia expliquei-lhe que a vida é dura. Tenho 38 anos e estou a pensar seriamente em imigrar e não voltar. Em Portugal tenho uma boa qualidade de vida porque os meus pais me ajudaram e ajudam, porque não gasto, porque compro tudo em saldos. Não compro iogurtes que não estejam com 50% de desconto em cartão. Por isso, pelo meu filho e pais, fui ficando, porque tinha esperança. Hoje já não tenho esperança em coisa alguma, portanto nada me faz ficar. Os doentes que vejo vão continuar doentes e vão continuar a morrer, porque para eles não há também qualquer cura de momento. Mas parece que em Maio o país vai começar a fisioterapia!!!!!!!!! Os doentes continuam doentes e os saudáveis estão doentes.

  16. Acha que está mal mas também esquece-se do licenciados na área da saúde que estão muito pior, por exemplo um licenciado em fisioterapia que é considerado como um técnico de saúde quando a maior parte além da licenciatura tem mestrados e doutoramentos que de nada valem para ser reconhecida a sua especialidade nem sendo a sua folha salarial melhorada sabem quanto auferem?

    Nem falando pelo facto de estes “técnicos de saúde” não terem uma ordem que os defenda porque cada vez que quase vai a votação no parlamento temos eleições antecipadas para nos dar a volta a situação.

    acha que foi a única a estudar? engana-se

    ser medico já foi sinonimo de riqueza certa, tal como os outros profissionais de saúde não está contentes e não tem trabalho emigre como os outros agora somos quase todos tratados como NADA e a vossa vez chegou agora, mas quando foi a fez dos outros não se pronunciou.

    • É uma tristeza a quantidade, e acima de tudo a qualidade de comentários que aqui se lêem. Realmente nós médicos não fomos os únicos a estudar, mas devemos ser dos que mais anos estudamos e continuamos a estudar.
      Para não falar do que já li várias vezes…a grande responsabilidade que temos, por acaso tenho alguns amigos ditos “técnicos de saúde” e até sei quanto está na folha salarial e acredite que a diferença até não é assim tanta. Mas se errar no seu trabalho, o que fez pode ser repetido até ficar bem não pode? Pois bem, se nós errarmos talvez não seja assim tão fácil voltar a fazer… E espero que não seja consigo nem com ninguém da sua família…mas pode acontecer! E com a desmotivaçao, com o cansaço das horas extras “bem remuneradas”, com os trabalhos imensos e com cursos (que cada vez mais nos saem a nós do bolso) para nos mantermos actualizados e minimizar os erros e tentar fazer melhor por quem não reconhece… Sim pode acontecer!!

      Quanto ao “emigre”?! Enfim.. Para muitos e para nós internos infelizmente não restará outra hipótese, mas é triste ser muitas vezes a única saída…mas bem vamos praticar medicina com qualidade para fora do pais e quem cá fique olhe…que se amanhe com médicos privilegiados!!

      • Dr. (ou Dra.) isoares:
        – não erra, ou erra menos, ser for muito bem remunerada? – (não ponho valores porque como sabe isto de euros é sempre relativo – 1200€ para mim é muito e. para a senhora, tá visto que é pouco!) – as horas extras deixam de cansar se for muito bem remunerada? só pratica medicina com qualidade ser for muito bem remunerada?
        – quando escolheu a sua profissão (porque escolheu não foi? ninguém a obrigou ou lhe pediu pois não?) não sabia já que isso a obrigaria a uma vida de estudo, a muita dedicação e “trabalho extra”?
        Pela minha parte, quando entrar num hospital, vou prestar muita atenção ao nome do profissional médico que estiver à minha frente porque “pode acontecer” que esteja muito cansado, muito desmotivado, muito mal pago, com “trabalhos imensos e com cursos” (que ainda por cima tem que pagar!?!?!?) e, como não sabe se eu reconheço ou não tudo isto (ou esta questão passará a fazer parte do inquérito clinico?) sim, “pode acontecer” errar … e de quem é a culpa? minha, pois claro, que não “me amanhei” com um médico privilegiado …
        O Dr. (ou Dra.) é um pouquinho assustador!!! Por favor, emigre rápidamente!!!

      • Cara Fernanda Hoseg, qualquer trabalho tem valor e deve ser remunerado adequadamente. E vários factores devem ser ponderados nesse valor: o tipo de responsabilidade das decisões que tomam, o stress com que lidam, o tipo de preparação e estudo diário/semanal que devem ter, o tempo e o grau de dificuldade do curso que é necessário tirar para exercer essa profissão. Não concorda?

        E já agora, qual é o problema da pessoa em causa ter escolhido a profissão de médico não só porque sentia vocação mas também porque imaginava que, apesar de todo o sacrificio, teria uma remuneração que a pudesse ajudar a ter um nível de vida mais confortável? Qual é o problema de ter esse objectivo na vida? É crime? Ou só é crime se for um médico a pensar assim? Que hipocrisia, da sua parte…

        E saiba que os ditos “cursos” que refere são, na grande maioria, cursos obrigatórios para a formação dos médicos (daí o problema de serem cada vez mais caros e suportados pelos próprios), de modo a que ao fim de 4 a 5 anos de trabalho como interno (depois de 6 a estudar na faculdade) possam ser reconhecidos como especialistas. Relembro que os médicos são submetidos a prova de avaliação pública para progredir na carreira. É fácil falar sem saber…

    • Já que se dirigiu directamente, vou-lhe responder directamente. O Sr. ou Sra. poderia ter estudado Medicina. Aconselho-lhe vivamente a (tentar) juntar-se ao grupo dos privilegiados, sejam lá eles quais forem.

      Se a sua classe profissional não tem Ordem para defendê-los saiba que é um direito de todos os cidadãos de criar Ordens profissionais e associações de vários tipos que defendam os seus interesses colectivos. Se está contente que o seu médico ganhe menos e emigre para outro país onde seja recompensado, então habitue-se às listas de espera e a recorrer a um seguro privado pago e bem pago pelo seu bolso, quando o desespero lhe bater à porta. Aí saberá quanto custa a saúde e quanto custa ter um médico com 12 anos de formação, no mínimo, à sua frente a ouvir as suas queixas. A profissão médica acarreta uma responsabilidade e um nível de sacrifício pessoal muito elevado, mas somos fortes. De todas as formas, não temos porque levar desaforos deste tipo para casa.

    • O que basicamente o SV está a dizer é que os fisioterapêutas merecem ter mais reconhecimento face a qualquer outro técnico de saúde…sabe, por respeito, não baixarei o nível.
      Até parece que os restantes técnicos de saúde não têm 4 anos de licenciatura e não fazem pós-graduações, mestrados e doutoramentos. Coitadinhos, os fisioterapeutas não têm ordem….Porquê? Porque são tão gananciosos que rejeitaram a proposta de uma ordem para TDT. Querem a ordem dos terapêutas, é? Acham-se maiores do que os restantes

      SV, cresce e aparece

      • I'm with you, Anne, I'm not a planner, which can lead me down all sorts of roads and forks, with a few pitfalls and trolls thrown in. You wrote the first draft in 3 days? I'm in awe!Nick, I like my mu/trerdedective stories to have a resolution – I can't bear not knowing. I loved Secret History, but far less so The Little Friend.

  17. A autora chama aqui atenção para um facto que infelizmente é verdade e de que muitas vezes não nos lembramos – claro que chegar aos 30 anos a ganhar 1200 euros não é nenhum privilégio. Ainda por cima, na profissão de médico, uma profissão que requere mais estudo e responsabilidade do que qualquer outra.

    Por outro lado, e também infelizmente, chegámos a um ponto em que até um salário de 1200 euros é visto como um luxo nos dias de hoje. Não é culpa sua, claro, e isso não irá contribuir em nada para a sua realização pessoal, a que tem direito (embora às vezes as pessoas se esqueçam disso)!

    Também eu confesso que fiquei a pensar nos 1800 euros que diz que vêm no seu recibo, apesar do que recebe realmente ser muito menos. Mas de que adianta? O mal é estarmos todos (ou muitos) a ganhar muito menos do que devíamos e também a trabalhar muito mais. E todos os que estão nessa situação devem poder queixar-se. Porque o que parece é que hoje os jovens têm de se habituar à ideia de que é um privilégio ter um emprego, de que não se pode discutir salários, e muito menos ter qualquer expectativa quanto a progressões salariais futuras – com tudo o que isso implica a nível de perspectivas de vida futuras.

    E, já agora, um p.s. – acho que todos conseguimos fazer um esforço e lembrarmo-nos de muito mais profissões que trabalham à noite, por turnos, aos feriados, incluindo natal, etc, etc. Não, não estou a dizer que devem ganhar todos o mesmo, mas não são só os médicos e enfermeiros. E os informáticos. E algum médico ficou surpreendido com os horários que tem de fazer?

  18. Ola a todos,

    Raramente faço comentários, mas nao pude deixar este post em branco.

    De facto acho 1200e limpos pouco, para a funçao em apreço. Eu sou eng.

    Acontece que em PT, os salarios são baixos, para este caso e para todos os outros, com ou sem curso, com ou sem PhD, e tambem não se perspectivam melhorias.

    O mercao laboral é curto e a relação com as chefias e por vezes com os colegas é muito muito complicada. E agora estamos a ficar uns contra ou outros…

    Neste post e nas respostas aplicasse o bem portugues proverbio ” em casa onde não há pão, todos ralham e ninguem em razão”.

    Nós enquanto país temos um problema, é que gastamos mais do que produzimos, certamente haverá muitas razões. Soluções temos poucas.

    resta-nos aguentar, e manter a coordealidade com quem nos cruzamos no dia a dia.

    Lamento falar assim do meu País.

    • Parabéns pelo seu comentário.
      Pode ser que aos poucos o país mude, há que liderar pelo exemplo! 😉

      Cumprimentos!

  19. É óbvio que os médicos no serviço público (excepto os que fazem imensas horas extra ou são pagos por operação), e em particular os internos, são mal pagos. Mas também é óbvio que são privilegiados em relação a outros recém-licenciados: até agora, sempre tiveram uma posição de interno garantido ao sair da faculdade, e além disso 1200 euros líquidos por mês é mais do que dois salários mínimos. Há famílias inteiras cujos pais trabalham tantas horas como um interno e recebem (juntos) menos do que isso!

    • Caro Miguel. A miséria dos demais não me alegra. Fico contente com os sucessos dos demais quando são conseguidos por mérito. Luto pelos direitos da minha classe. Não falo pelos demais, falo por mim. Se cada um falar por si, em vez de invejar os que lá chegaram por direito e mérito, as coisas seriam diferentes. O curso de Medicina é público. Para lá chegar tive de lutar. Houve muitos que ficaram pelo caminho. Quem desdenha quer comprar, eu aconselho a estudar.

      • “O curso de Medicina é público. Para lá chegar tive de lutar. Houve muitos que ficaram pelo caminho. Quem desdenha quer comprar, eu aconselho a estudar”

        Sim, é público mas nem todos têm perfil para ele e por um lado ainda bem. É bom que os médicos sejam competentes para que as outras pessoas possam confiar neles e não ter um “sapateiro” qualquer à frente. E fique a saber que eu tb estudei. Noutra área, mas também estudei. E ao fim de mais de 10 anos de trabalho não ganho o que a Dra. diz ganhar… como interna…

      • E é por este tipo de respostas e outras que tais que os médicos são vistos como privilegiados…

      • “O curso de Medicina é público. Para lá chegar tive de lutar. Houve muitos que ficaram pelo caminho. Quem desdenha quer comprar, eu aconselho a estudar.”
        Cara giuliamandriona, peço desculpa pela falta de modéstia, mas é necessária para deixar claro aos médicos que este seu comentário é uma idiotice, muito pior do que o texto original com o qual até concordo.

        Tive uma nota final de secundário muito superior à média para entrar em medicina. Podia ter entrado em qualquer faculdade médica do país sem grande esforço, mas optei por entrar num curso com uma média muito inferior porque era a área de que gostava. Portanto, já aqui vê que o seu comentário não faz sentido: nem fiquei pelo caminho, nem tenho qualquer inveja nem quero comprar. Acabei recentemente um doutoramento, pelo que sou mais qualificado que a Giulia (apesar de não gostar de ser tratado por doutor, como os médicos, que não o são, fazem questão). Mas se quiser trabalhar como cientista em Portugal, tenho poucas oportunidades de emprego e as que há são temporárias e mal-pagas. Este é um exemplo de uma profissão que receberá aproximadamente o mesmo que um médico interno (que ainda está em formação), apesar de requerer mais qualificações, conhecimento mais específico e difícil de encontrar, e apesar de a Ciência ser um pre-requisito para as profissões técnicas como a medicina, já que os médicos aplicam a ciência que outros produziram. Portanto, não venha dizer que quem não chega lá é por falta de mérito.

        Também já disse que acho que os médicos no SNS deveriam receber mais, assim como acho que os cientistas deveriam receber mais e ter contractos mais estáveis, os segundos em particular para que não fujam para o estrangeiro, problema que não se põe seriamente no caso dos médicos. Mas sei perfeitamente que ambos somos privilegiados quando comparados com grande maioria da população portuguesa, que recebe salários de miséria. Esses deviam receber MUITO mais! E não fale de mérito ou demérito nesse caso também: muitos não tiveram a oportunidade de passar 18 ou 20 anos a estudar como nós, porque as famílias não tinham capacidade de os sustentar mesmo com apoio do estado, ou porque precisavam de trabalhar para sustentar os seus filhos para que um dia esses pudessem estudar. Não se engane portanto ao dizer que o que tem é “por direito ou por mérito”. Algum mérito, não o nego. Mas também por privilégio, por ter a sorte de ter condições financeiras e também culturais, na família ou na escola, que lhe permitiram o seu desenvolvimento intelectual e a sua formação.

        O que não gostei no seu texto não foi o facto de falar por si e pela sua classe e reclamar, com toda a razão, melhores salários. Não acho que 1200 euros seja um bom salário: seria ainda um baixo salário mínimo em grande parte dos países europeus, e mesmo em Portugal não serve para viver muito bem. O que não gostei foi o facto de se ter esquecido de reconhecer (ou ter mesmo negado) o seu privilégio. E, se estava em dúvida quanto ao texto, o seu comentário em resposta ao meu tornou tudo pior. Porque ficou patente algo de que ainda gostei menos: o desdém que reserva para quem não pertence à sua classe, e a arrogância dos “senhores doutores”.

      • Subscrevo na íntegra! Só uma nota, o vencimento não é 1200 mas sim 1800 (segundo a própria), o resto são impostos, que todos pagamos. Um salário de 485 euros traduz-se numa miséria de cerca de 300 líquidos. Miséria é isso e não 1200 euros. E as necessidades dos miseráveis que ganham 485 euros brutos não são menores que as dos médicos. E já agora 1800 euros para início de carreira é bem bom, em qualquer área de atuação, independentemente do mérito ou da falta dele.

      • Caro Miguel, os meus Parabéns por ter conseguido expressar tão bem a opinião que partilho. É incrível como não conseguem admitir que sim, são uma classe privilegiada, negando-o até.

        E parece que a arrogância não é só da velha guarda, vai-se transmitindo dentro da classe

  20. Lamentavelmente é por essa quantia que referiste, e pela qual és acusada de ser “privilegiada”, que vendes coisas que não têm preço, a tua dedicação, o teu conhecimento, a tua paciência, as tuas madrugadas, as horas extra de trabalho, as horas de de estudo feitas em casa, …
    Não somos directamente colegas, mas com a mesma idade e educação similar passamos pelo mesmo ostracismo social por sermos considerados “privilegiados”, talvez sejamos… talvez por conseguirmos ter sempre um sorriso disponível para alguém que, sem saber bem porquê, já está munido de palavras para nos atacar.
    Gostei de ler o teu desabafo e desejo-te muito boa sorte e que tenhas sempre força para enfrentar as vicissitudes da vida, esta na qual somos mesmo todos colegas.

  21. os unicos que falam dos medicos como priveligiados sao os politicos e medicos que ganham imenso, porque sabem que se a massa social aperceber-se que os recem-licenciados (e aqui englobo os enfermeiros, na mesma situação ou numa mais precaria ainda, devido ao estigma social da profissao) sao muito mais capazes que os que estao la a imensos anos (sim, pq tem uma formaçao tecnica de classe mundial, do mais recente que ha), que o que perdem em experiencia ganham em outros aspetos do trabalho, como a personalização dos cuidados, por exemplo, (nao estou com isto a dizer que deve ser só recem-licenciados a trabalhar, mas tem que haver uma maior homogeneidade entre profissionais com largos anos de serviço e recem-licenciados) iam perder todos os privilegios que tem.

  22. Acho muito interessante o texto e todas as mensagens que lhe seguem. É difícil dizer que não têm todos razão. Cara Cátia, compreendo perfeitamente a sua situação, assim como compreendo os outros licenciados que se sentem “gozados” porque só ganham 1000 brutos, ou menos. O grande problema foi identificado pelo nosso(a) colega MM. A culpa é do crescimento injusto dos salários das gerações anteriores que, agora, temos de ser nós a pagar, trabalhando o mesmo ou mais, mas recebendo muito menos. E isso acontece tanto no sector público como também no privado. E deixo o meu desabafo:

    Sou licenciado, pós-graduado, mestrado…….. ah…. e ainda fiz o GAP Year 10 anos antes de se começar a dar valor a isso, porque dantes era uma ano perdido, mal encarado! Estudei e ganhei experiência de vida, mas não sei fazer nada. Após 8 anos de estudo, não devo saber fazer nada. Devo ser daqueles que estudaram estudaram mas no fim não sabem mais do que teorias e fórmulas que não servem para nada porque não tenho emprego. Ainda tenho um carro de dois lugares que o meu pai me ofereceu como prenda de final de curso, porque não tenho dinheiro para comprar um de 5 lugares… para depois ter filhos. Ah! O Depois, será sempre o depois!……mas deixei de alugar o apartamento onde vivia e, agora,…. adivinhem?!……………. estou em casa dos pais e o carro de 5 lugares já não interessa para pensar se tenho filhos ou não. Trabalhei 6 anos e só devo saber mesmo teorias e fórmulas, porque o recibo só dizia 1100 euros….mas, tal como todos, chegava bastante menos à conta da CGD…….. e já não era nada mau . Vivi na casa 6 anos….. mas nunca comprei móveis… só a cama de casal e…….adivinhem?! ………….. no IKEA!. O resto era o que lá estava, e uma ou outra coisa emprestada……………… pelos pais. Para o trabalho ia de transportes públicos porque era valor fixo ao fim do mês….… bem menos que o combustível. Há noite, quando não estava no trabalho (privado) a fazer horas extras não pagas….. vía o canal 1… ou o 2…. às vezes o 3 ou o 4….. porque as contas não mais davam do que para o luxo da internet. Ainda tenho um telemóvel dos antigos…. para receber e mandar mensagens/telefonemas……..porque não quero ser irresponsável e gastar o dinheiro em futilidades…. posso precisar quando estiver desempregado… …. olha, estou mesmo! Nunca fui aumentado, mas estava lá, à noite, a fazer horas extras, para entregar o trabalho, e, no outro dia, recebia elogios………”Bom trabalho! Muito bem!”…… afinal não sou assim tão burro, entrei para a Universidade com média de 17,5, fiz o curso com média de 14 e o mestrado com média de 15 numa Universidade conceituada, mas…….. por ser tão bom e trabalhar sempre tão bem nunca precisava de ser aumentado, afinal, mesmo sem aumentos, no outro dia voltava a fazer o meu trabalho. Até que……. até que fui despedido.

    A todos foi-nos trabalhoso estudar. E a todos é doloroso trabalhar competentemente sem reconhecimento e sem perspectivas. O Miguel Sousa Tavares tem razão: “Esta é uma geração diferente dos emigrantes anteriores. Estes não vão voltar, porque vão ficar agradecidos ao país que os acolheu e que lhes deu valor. E não vão querer saber de quem lhes quis hipotecar o direito a serem felizes, de quem os mandou emigrar” (qualquer coisa assim do género)

  23. Não generalize… grande parte é privilegiada… podem trabalhar no público e privado, podem trabalhar em mais do que um hospital/clínica/ou afins. Muita gente (diria quase toda a gente de outras áreas) não pode fazer isso. E com isso ganham (ou podem ganhar) muito dinheiro.

    • Os seus comentários só refletem o que lê e ouve nos jornais e nada da realidade. As pessoas só deviam falar quando sabem do que falam. E não digo “quando acham que sabem do que falam”. Portanto, faça o favor a si próprio, e a todos nós, de não falar de cor nem com base no que nos últimos anos tem saído para a comunicação numa desmedida para atirar a classe médica ao charco. Essa privada de que falam que bem ao contrário do que diz é de uma minoria, nos dias que correm, é domada pelas seguradoras, sendo mais ridícula que no hospital.

  24. Pois é…mas acho que estamos todos no mesmo barco ou pior…eu só tenho menos 1 ano e meio de experiencia tenho 5 anos de formação pre graduada como médica dentista 1 ano de formação pos graduada muitas horas de pestanas queimadas e ainda mais euros gastos (somos o curso que mais gasta em material mesmo no publico e o 2º curso mais caro a formar – logo a seguir à aviação civil…) e estou aqui a ganhar metade disso e a submeter-me à instabilidade de um emprego no privado. Não entramos no SNS porque supostamente os estomatologistas fazem o nosso papel…somos mais de 8000 e claramente a mais para as necessidades do setor privado. Como eu estão engenheiros, arquitectos, advogados, enfermeiros e mais uma série de profissionais que se formaram, gastaram dinheiro ao estado, e no fim vêm-se obrigados a emigrar pois o custo de vida neste país não compensa os anos perdidos a estudar para ganhar o mesmo do que se ficasse pelo 12º. Para já, vocês os médicos vão tendo, com relativa facilidade, emprego minimamente estável e com um salário superior à média nacional com a mesma formação superior e anos de experiencia… Nisso tenho a dizer que são privilegiados com certeza…

  25. Um texto muito bem escrito. Muito Obrigada, Colega!
    Em bom português, “toda a gente inveja o vinho que eu bebo mas ninguém vê os tombos que eu dou…”
    Toda a gentinha sabe invejar o salário um pouco melhor que se tem às vezes ao final de uns anos. Mas o que eu queria ver era essa cambada a abdicar das noites no quentinho da cama, dos fins-de-semana com a familia, dos jantares em casa todas as noites.
    Queria vê-los a trabalhar natais e passagens de ano, aniversários de casamento… queria ouvi-los a dar os parabéns ao companheiro/a e aos filhos pelo telefone.
    Acima de tudo queria vê-los a trabalhar 60 a 80 horas por semana, quando se queixam das 40. Porque acham que o pouco que vem a mais cai do céu… porque não sabem o que é percorrer centenas de quilómetros para ir trabalhar e lutar com o cansaço na estrada no regresso.
    Essa gentinha devia apontar armas era para os senhores gestores e políticos, os mais bem pagos da Europa . E não contra quem trabalha como escravo como os internos, nem com quem se não fizesse tanto horário extra como os especialistas, o SNS parava…
    Raios os partam a todos! A quem mal diz e a quem acredita!
    Mas ninguém entende.
    E com todo o respeito por todos os licenciados deste país, tirando os enfermeiros e mais um ou outro caso pontual, os horários são “de expediente”. E trabalhar por turnos, fins-de-semana, épocas festivas, marca uma grande diferença em termos de qualidade de vida, principalmente familiar. 40 horas de segunda a sexta com direito a feriados não é o mesmo que 40 horas com noites, fins-de-semana e consoadas. Aí só os agentes da autoridade e poucos mais é que nos entendem.
    Colega, se puder, siga o conselho do nosso PM. Emigre. Eu se pudesse era o que fazia.
    Em relação a certos comentários que li acima, nunca esqueça, e perdoe o prosaicismo, que “vozes de burro não chegam ao céu”…

    • “E com todo o respeito por todos os licenciados deste país, tirando os enfermeiros e mais um ou outro caso pontual, os horários são “de expediente”. E trabalhar por turnos, fins-de-semana, épocas festivas, marca uma grande diferença em termos de qualidade de vida, principalmente familiar. 40 horas de segunda a sexta com direito a feriados não é o mesmo que 40 horas com noites, fins-de-semana e consoadas”

      Esqueceu-se aí dos informáticos… sim, aqueles que vos põem os sistemas a funcionar 24h por dia… há muitos que também têm de trabalhar aos feriados ou fazer fds ou mais de 40h por semana.

      • Isabel, isto porque os informáticos só estão de prevenção e até trabalham remotamente em casa é uma visão simplista da profissão. Muitos parecem esquecer-se que sem uns, outros não funcionam. E a essa classe, a dos “informáticos adeptos de teletrabalho que resolvem 99% dos problemas via VPN ou telemóvel” (parece magia até), agradeça por tão frequentemente trabalharem mais de 40h, por abdicarem de fins de semana, noites, feriados, aniversários… Espero, sinceramente, que saiba que os informáticos não se reduzem àquilo que referiu, à vida facilitada que deu a entender que têm porque até podem trabalhar a partir de casa. É que estes, ao contrário de muitos ou igual a tantos outros (tome-se as dores que se quiser), também não “fecham o tasco” às 18h, muitas vezes nem às 22h e o trabalho segue-os para todo o lado. Tomara que muitas destes “eus” que por aqui opinam (com todo o direito, liberdade e afins com certeza!) vissem mais vezes além do umbigo. É que depois dele também há vida, garantidamente!

    • Antes de mais, e se calhar por ser da área de Letras, os meus parabéns à capacidade de escrita. Lamento que seja tão real. Como cidadã deste país revolto- me com esta situação. Qualquer pessoa analfabeta sabe que o curso de Medicina é o mais difícil e trabalhoso de todos, não me venham com comparações da treta. Quem não pensa assim que vá para a Coreia do Norte ou para Cuba, onde todos ganham o mesmo independentemente do esforço, dedicação e sacrifícios… INVEJA, essa palavra que já Camões deixou bem acente no último canto dos Lusíadas, e tão fácil de identificar neste nosso povo de brandos costumes!!! Lutem por uma remuneração mais justa que bem merecem e quanto à opinião pública não se preocupem…quando eles adoecerem vão dar o devido valor ao vosso trabalho!
      Ps. Aos invejosos proponho que percam tempo a lutar pelos seus próprios interesses!

      • “e mais um ou outro caso pontual” era mesmo para salvaguardar isso.
        Seja como for, e sem desmérito à sua profissão, nas instituições onde trabalho os vossos fins-de-semana e chamadas nocturnas têm a ver com prevenção e não presença física. Pelo menos nas instituições onde trabalho é assim, e resolvem 99% das situações a partir de casa via telemóvel e VPN.
        Não tirando o valor do seu esforço, é um pouco diferente. Nós não fazemos telemedicina, estamos mesmo lá.

      • Cv, obrigada pelo elogio na escrita… :$
        Desculpe mas como estou um pouco cansada, talvez por estar a trabalhar a 3ª de uma série de 4 noites seguidas, respondi ao Joaquim não no comentário dele mas no seu.
        Em resposta ao seu comentário em particular, e principalmente porque não é médica, o meu OBRIGADA por entender.
        São pessoas raras assim que nos vão dando ânimo para suortar tudo, e não nos permitem esquecer que persistir deve sempre ser mais forte do que desistir.
        Sinceras felicidades. Bem haja.

      • “e mais um ou outro caso pontual” era mesmo para salvaguardar isso.
        Seja como for, e sem desmérito à sua profissão, nas instituições onde trabalho os vossos fins-de-semana e chamadas nocturnas têm a ver com prevenção e não presença física. Pelo menos nas instituições onde trabalho é assim, e resolvem 99% das situações a partir de casa via telemóvel e VPN.
        Não tirando o valor do seu esforço, é um pouco diferente. Nós não fazemos telemedicina, estamos mesmo lá.

      • “Qualquer pessoa analfabeta sabe que o curso de Medicina é o mais difícil e trabalhoso de todos, não me venham com comparações da treta.”
        E a CV sabe isso por experiência própria? Talvez não porque é da área de Letras e o mais certo é não ter estudado Medicina. Certamente que Medicina é um curso difícil, trabalhoso. Acho que ninguém o nega por aqui. Mas como tudo que é “o mais isto” ou o “menos aquilo”, como afirma, é subjetivo. Acredito que para um analfabeto, ler e escrever seja o mais difícil que há e tanto faz que seja a capa do Destak como um livro de Medicina. Já para outros, estudar para entrar da Faculdade de Medicina foi com uma perninha às costas, porque para eles não era difícil. É que por esta linha de raciocínio, tirar um curso na área de Letras é canja…e certamente saberá que não é bem assim, verdade?

    • Citação “…tirando os enfermeiros e mais um ou outro caso pontual, os horários são “de expediente”. E trabalhar por turnos, fins-de-semana, épocas festivas, marca uma grande diferença em termos de qualidade de vida, principalmente familiar. 40 horas de segunda a sexta com direito a feriados não é o mesmo que 40 horas com noites, fins-de-semana e consoadas. Aí só os agentes da autoridade e poucos mais é que nos entendem.”

      A Isabel acha mesmo que só os médicos e enfermeiros e agentes da autoridade é que trabalham à noite e aos fins de semana e/ou por turnos?!?! Você é uma ignorante! Acorde e sinta o cheiro do café!

      • Se necessita que lhe indique é porque ignora quais são essas profissões. E se ignora é porque de facto é ignorante. Mas faça um pequeno exercício mental: Imagine que está em casa e que na televisão são emitidas notícias em direto. Todos os profissionais ligados a essa área trabalham noites/Fins de de semana/feriados. Imagine que vai a um supermercado fazer as suas compras mensais. Acha que os produtos aparecem nas prateleiras sozinhos? Já lhe ocorreu que há milhares de pessoas que trabalham em transportes/logística e que esse transporte não começa às 8h e acaba às 18h? Tinha vários exemplos mas nem vale a pena perder tempo com isso…

      • Faça você mesmo este “pequeno exercício mental”: quantos anos têm esses profissionais pela frente ANTES de terem autonomia profissional? Mais de 10 anos como os médicos? Se um deles fizer asneira no trabalho correm o risco de serem levados a tribunal, como acontece muitas vezes com os médicos? São profissões que requerem actualização constante dos conhecimentos, como é a obrigação dos médicos? Quanto custa um seguro de responsabilidade civil nessas profissões, se é que sequer precisam de um?

        O problema deste país é que está pejado de gente como você que mete todos os profissionais no mesmo saco! O mérito e trabalho contam pouco ou nada neste país plantado à beira do mar! Enquanto estou a escrever este post estão médicos e enfermeiros a cruzarem a fronteira, ao mesmo tempo que morrem pessoas à espera no SU ou de uma consulta com o médico de família.

        Muita saúdinha para si, ok? Adeus.

      • Essa estratégia de misturar conceitos comigo não resulta. O seu comentário era sobre o trabalho aos fins de semana/noite/feriados/turnos versus trabalho em horário diurno de expediente normal. E referiu que só os enfermeiros e “alguns agentes da autoridade” (a expressão é sua) é que entendiam os médicos. E no comentário seguinte ainda me chamou de labrego… Os seus outros comentários que li só dão a entender que aquilo que passa pela sua cabeça é que ninguém imagina o que é a profissão de médico mas que ao mesmo tempo temos é inveja dos vossos vencimentos! Eu quero lá saber quanto é que você ganha, por mim pode ganhar 20 mil euros, desde que não seja eu nem a fazenda nacional a suportar esses encargos. Eu não me esqueço do início da minha, aliás, de todas as participações neste fórum: Uma auto proclamada médica interna, que com alguma ironia e sarcasmo diz que pelo que lê e ouve com frequência deve pertencer a uma classe privilegiada, mas ao mesmo tempo a se queixa da vida triste que leva e do baixo vencimento que aufere! Eu e outras pessoas, comentamos a explicar que SIM pertence a uma classe privilegiada e explicamos porquê e com factos e exemplos reais e bem práticos, alguns com relatos na primeira pessoa como o de um Doutorado que lá explicou que tinha mais tempo de formação e maior graduação académica que a autora do blog e que só não entrou em medicina porque não era a sua escolha. E ler alguns comentários como o seu só me dá vontade de ir à sua procura e dar-lhe uma lição cara a cara para ver se pelo menos acorda para o mundo à sua volta. Deseja-me saúde? Eu sei que quando tenho problemas de saúde tenho que recorrer a médicos e isso não me faz mudar o que penso sobre a classe profissional. Que como todas as classes tem bons e maus profissionais, mas que ao contrário de muitas outras, é praticamente no seu todo constituída por privilegiados no que respeita a Portugal (médicos Portugueses). Adeus.

  26. Tem imensa razão no que diz. Mas é importante que saiba que o problema por que passa, pelo qual também passo noutra área, e pelo qual passam todos os jovens, licenciados, mestres ou doutores, em Portugal, tem como responsáveis os verdadeiros priveligiados. Aqueles (médicos, no seu caso) que têm longos anos de carreira sem que tenham o correspondente esforço, empenho ou competência, e que adquiriram direitos, remuneratórios ou outros, que são inatacáveis. Aqueles que ocupam as posições que espera atingir, com salários que dificilmente algum dia virá ganhar, e que são intocáveis no topo do seu altar, por mais preguiçosos e incompetentes que sejam. Essa gente, que recebe acima do que o seu trabalho vale, e que não trabalha o que devia, é que a razão pela qual não recebe mais nem tem perspectivas justas de crescimento na carreira. Essa gente, que se há-de reformar mais cedo do que pode esperar fazê-lo você, ou eu, e cuja reforma havemos de pagar para jamais algo receber quando chegar a nossa velhice. O problema deste país é que durante décadas as pessoas foram aumentadas mais do que deviam, as exigências em relação ao seu trabalho diminuiram ao mesmo ritmo a que se produzia dívida para lhes pagar a vida de gente de país rico com produtividade igual ou pouco superior à verificada no terceiro mundo. E agora, para se fazer justiça, essa gente trabalha o mesmo e recebe o mesmo, e eu, a Ana Cátia Morais e os outros jovens trabalhamos mais (se estivermos entre os que se destacam o suficiente para conseguir trabalhar), recebemos menos e vamos sonhando com o dia em que deixaremos de sustentar a vida dos outros para poder arrecadar algo para a nossa vida.

      • Essa estratégia de misturar conceitos comigo não resulta. O seu comentário era sobre o trabalho aos fins de semana/noite/feriados/turnos versus trabalho em horário diurno de expediente normal. E referiu que só os enfermeiros e “alguns agentes da autoridade” (a expressão é sua) é que entendiam os médicos. E no comentário seguinte ainda me chamou de labrego… Os seus outros comentários que li só dão a entender que aquilo que passa pela sua cabeça é que ninguém imagina o que é a profissão de médico mas que ao mesmo tempo temos é inveja dos vossos vencimentos! Eu quero lá saber quanto é que você ganha, por mim pode ganhar 20 mil euros, desde que não seja eu nem a fazenda nacional a suportar esses encargos. Eu não me esqueço do início da minha, aliás, de todas as participações neste fórum: Uma auto proclamada médica interna, que com alguma ironia e sarcasmo diz que pelo que lê e ouve com frequência deve pertencer a uma classe privilegiada, mas ao mesmo tempo a se queixa da vida triste que leva e do baixo vencimento que aufere! Eu e outras pessoas, comentamos a explicar que SIM pertence a uma classe privilegiada e explicamos porquê e com factos e exemplos reais e bem práticos, alguns com relatos na primeira pessoa como o de um Doutorado que lá explicou que tinha mais tempo de formação e maior graduação académica que a autora do blog e que só não entrou em medicina porque não era a sua escolha. E ler alguns comentários como o seu só me dá vontade de ir à sua procura e dar-lhe uma lição cara a cara para ver se pelo menos acorda para o mundo à sua volta. Deseja-me saúde? Eu sei que quando tenho problemas de saúde tenho que recorrer a médicos e isso não me faz mudar o que penso sobre a classe profissional. Que como todas as classes tem bons e maus profissionais, mas que ao contrário de muitas outras, é praticamente no seu todo constituída por privilegiados no que respeita a Portugal (médicos Portugueses). Adeus.

  27. Está mal a situação em que estás (trato por tu por isto ser a internet e por termos a mesma idade), mas pior estava a situação dos teus antecessores como deves concordar.
    É de facto uma injustiça brutal haver pessoas dedicadas e que fizeram sacrificios a ganhar misérias, mas o país está assim para todos, e a saúde está assim um pouco pela “ajuda” que as velhas gárgulas da classe médica e farmacêutica dão.

  28. Obrigado por publicar o seu desabafo, colega. Sendo eu também médico interno, sugiro-lhe que emigre, mais cedo do que tarde. Embora me custe dizê-lo, acredito ser esta a solução possível.

    Não obstante, entre todos os seus problemas há um que pode resolver com a maior das facilidades: se o seu “corretor” — coisa que só numa firma de corretagem se deveria encontrar — a irrita, troque-o por um corrector — coisa que nunca deveria haver abandonado. Nenhum médico que se preza deveria aceitar uma (pseudo)norma gráfica que propõe coisa tão ridícula e anti-científica como os impulsos nervosos provenientes dos foto-receptores — que com a dita reforma passariam a ser “fotorrecetores” — retinianos serem conduzidos pelo nervo “ótico”. Ou seja, todos passaríamos a sofrer de sinestesia… [Note-se que no Brasil, o nervo em questão continuará a chamar-se “óptico” e os impulsos nervosos serão gerados por “fotorreceptores” e não por “fotorrecetores”… E há quem chame a isto “unificação ortográfica”…]

  29. 1200€ com 4 anos de experiência?
    E quantos portugueses com mestrado e 5 anos de experiência é que ganham isso? Muito poucos… e a diferença não é de 100 ou 200€… é bastante mais!

    O valor é pouco? concerteza que sim, mas o certo é que comparativamente é um bom salário para Portugal (infelizmente), portanto temos o direito de chamar classe privilegiada!

    • 6 anos de faculdade, 5 anos de especialidade, 60 horas por semana (nas semanas boas), exames anuais de avaliação nesses 5 anos, sem perspectivas de progressão na carreira e a vida de pessoas nas nossas mãos… 1 erro e a vida profissional acabada.. acho que que o Sr. André devia reconsiderar o seu comentário porque o salario deve reflectir a responsabilidade…

      • Como não conhece o país, vou-lhe tentar explicar: os jovens com 30 e pouco anos, 5~7 anos de experiência, trabalham no privado e trabalham bem mais que as 40 horas sem subsídios ou horas extra, dando tudo para garantir a sobrevivência da empresa onde trabalham e garantirem o emprego. Estudam, tiram certificações, fazem tudo o que é possível para manterem-se actualizados com a esperança de não serem despedidos. 1 erro? Está despedido. Progressão na carreira? Quando começa a exigir aumentos é posto a correr e trocado por uns estagiariozinhos…

        E no final disto tudo, devem contar-se pelos dedos das mãos os que ganham 1200€. Ou 1100€. Ou 1000€.

        O salário já reflecte a responsabilidade: é bastante mais alto que a média portuguesa. Como já expliquei: O valor é pouco? concerteza que sim! Mas olhando para o mercado laboral, são privilegiados.

        Olhe, agora está na moda: vá ver quanto é a bolsa de doutoramento e postdoc e quais as condições de “progressão na carreira” e estabilidade profissional. E admita que é privilegiado/a.

    • Privilegiada ou não, tem todo o direito em reclamar, como têm todos os outros portugueses com mestrados e sem mestrados, com emprego e sem emprego.

  30. Sou médica pediatra. Não penses que depois do internato muda muita coisa porque não muda. Aliás o meu director de serviço no topo de carreira com 60 e muitos anos, ainda faz serviço de urgência mas já não faz noites e recebe 1200-1300 euros por mês. no topo de carreira e com as responsabilidades de gestão que tem. Se não visse o recibo de ordenado dele não acreditava. Mas o meu, fazendo noites, não é muito melhor! De facto somos muito injusticados relativamente a outras classes profissionais, um juiz ou um professor no topo de carreira recebe muito mais, sem noites mal dormidas e sem a responsabilidade de ter vidas entre mãos. Ainda és nova. Se eu tivesse a tua idade emigrava quando acabasse o internato. Desejo-te toda a sorte do mundo. Eu sou uma optimista e vou tentando vencer esta depressão colectiva que nos assola com a gratidão dos meus meninos e dos seus pais. Um sorriso deles enche-me a alma. Mas também sou mãe e gostaria de dar o melhor aos meus filhos… De preferência um futuro fora da medicina! Um grande abraço solidário.

    • Lamento, mas não acredito que um diretor de serviços de 60 anos no topo de carreira ganhe 1300€.

      Em relação a muita função pública que trabalhe 35 ou 40h por semana com parte dela no facebook a médica interna estará mal paga com os seus 1200€, Em relação aos licenciados na FEP, FEUP, etc a quem são oferecidos salários de 800€ (quando não é menos) para trabalhar das 8h30 às 21h00 em coisas que se chamam estágios, mas que são o único trabalho que é oferecido… não estão mal.
      E digo mais, prevejo que aos internos daqui a alguns anos seja oferecido ainda menos do que aquilo que ganha hoje. Está assim para todos os outros e parece que a falta de médicos está a reduzir (há marginalmente um pouco mais de médicos e há muito menos dinheiro para ir ao médico, pelo que em breve a medicina pode ficar como está a dentária)

      • Pena não acreditarem. Infelizmente é a realidade. E daí a enorme ignorância dos comentários que aqui se vêem. concordo que exista muita precariedade em todos os empregos (não é um problema só da área da saúde). Mas por favor não digam que somos uma classe privilegiada. Quem diz isso é porque está completamente por fora!!!!

      • Recebe depois no privado… Esse médico não tem contrato de exclusividade na certa caso contrário receberia muito mais.

  31. Aos senhores que aqui escrevem indignados com os ordenados de 1200€ para a classe médica, gostaria de saber quantas horas trabalham por semana. E fazem noites e fins de semana? Trabalham 70 a 80 horas por semana e por vezes 32 delas seguidas? E têm de continuar a estudar toda uma vida? Ficariam com a responsabilidade de operarem doentes por 1200€? Obviamente que ninguém devia ter de sustentar uma família com 600€.

    • Experimente a área da Informática e depois diga-me se não tem que estudar toda uma vida e se não tem que trabalhar mais que as 40h por semana (embora eu admita que possa não chegar às 70 ou 80) e fazer noites e fins-de-semana

      • Olhe, não sou médica e trabalho para a função pública mais de 40 horas semanais!! Dia, noite e fins de semana!! E tenho sempre que estudar e me atualizar!! E mais, acho que 1200€ são bem pagos!! Ainda por cima podem acumular no privado!! Qua diálogos mais sem sabor!!

      • Só se esqueceu de dizer que das 32 horas passam pelo menos 1/3 a dormir em quartos ou gabinetes especificos para isso
        trabalho num hospital e garanto-lhe que nenhum médico lá cumpre as 40h sequer (no meu local de trabalho vejo-os entrar e sair)

  32. Talvez a especialidade nao foi a melhor escolhida!!!
    Estudaram mt, e verdade!!!
    Voltariam atras??? Nao acredito…
    Da minha experiencia de vida posso constatar q sao uma classe previligiada, e alguns para n dizer muitos, tem a mania de serem superiores!!!!
    Falamos daqui a uns anos!!!

  33. Artigo interessante! Creio que será bastante igual para as diversas classes profissionais de “jovens” licenciados/mestrados/doutorados (já que cada vez alargamos mais a faixa etária para se adequar à precaridade)… Com remunerações talvez ligeiramente mais baixas…

  34. Fantástico Texto!!! Parabénssssss Dra… sim Dra, num pais que tudo e todos são Drs, a pessoas como a DRa simplesmente tenho a dizer… OBRIGADA, por todo o esforço e sacrificio em prol de utentes que precisam muito de vcs!! Infelizmente o nosso estado, o sistema não vos dá valor … Mas OBrigada por não desistir de .. NÓS!!

    • Claro que sim… Porque ser burro é claramente um atributo de quem é admitido no ensino superior com média acima de 18 valores, de quem conclui um mestrado de 6 anos com horas de estudo intermináveis, assim como de quem realiza uma prova de seriação nacional para, finalmente, ingressar numa especialidade médica ou cirúrgica. Fez-me rir por todo o seu desconhecimento de causa e, nos dias que correm, isso é cada vez menos fácil. Obrigada por isso.

  35. Nada como referir que neste país há professores com 30 anos de carreira ( curiosamente a mesma idade mas de vida ) que ganham igualmente 1200 euros. 1200 euros tendo em conta o que faz, tendo em conta os gastos que são mencionados e não dá para o fim do mês é um pouco rir na cara de quem com 600 euros sustenta 3 pessoas.

    É justo? Não mas de longe que não merece o choro

  36. Não sou médica, mas enfermeira e revi-me em tanta mas tanta coisa nesse post… já sou especialista mas só por amor à camisola porque por dinheiro. … esse que gastei numa especialidade, que vou rever daqui a MUITO tempo…. as horas de estudo tb não se contam, as noites perdidas, os aniversários e feriados, o mau reconhecimento profissional, os sites de viagens que já não visito pq não há dinheiro para as pagar, a casa alugada com móveis emprestados e outros do ikea, enfim… médicos, enfermeiros. … o que é mm difícil é ser-se jovem em Portugal. ..

    • Nisida ha detto anche che è stato sorpreso dalla difesa a tre e solo nell inarlvtleo ha spiegato i meccanismi al calciatore per fare bene contro una difesa schierata così

    • >The confederate flag is not a racist symbol. Don't assume it to be so because some racist groups have co-opted it. Also, got a little political question for you, Dan; what's your opinion of Ron Paul?

  37. Esta é a realidade de quem apenas a vive a conheçe. Infelizmente as manchetes como gostam de sensionalismo e o público sempre generalizou sem conhecimento de causa têm uma opinião muito negativa acerca da vossa classe. Opinião essa alimentada pela informação tendenciosa, pela inveja e valores muito “superficiais”.

  38. Li o seu texto e de facto é uma injustiça as acusações que se fazem aos médicos, e então quando estamos a falar dos internos, ainda mais. Mas em tempos de crise há sempre bodes expiatórios, as pessoas precisam de canalizar a sua frustração, zanga, luto para algum lado, e muitas vezes é para aqueles que têm mais (real ou imaginariamente) ou que podem vir a ter mais. Porque há uma diferença entre os internos e outras profissões – há muitas pessoas que ganham os mesmos 1200€ mas não têm qualquer expetativa de vir a melhorar. Enquanto que, felizmente, os médicos ainda têm perspetivas de progressão de carreira! E felizmente também, a maior parte dos médicos continuam a gostar do que fazem (o que é um luxo enorme!)

    Seja como for não deixa de ser muito injusto as pessoas serem acusadas por aquilo que eventualmente terão no futuro, ou castigadas por aquilo que outros não conseguem ter.

  39. Mas para as pessoas os médicos são uma classe a abater… Só se lembram que afinal fazem parte quando passam horas à espera.
    Enfim.
    Parabéns pelo texto, gostei muito de ler 🙂

  40. Não sei o teu nome nem tão pouco te conheço, mas com dois irmãos e uma prima médica sei bem o que passa a tão famosa “classe privilegiada”. Vocês, esses previlegiados, têm e sempre terão todo o meu respeito e gratidão, pois mesmo nas situações precárias em que vivem e trabalham, continuam motivados para ir para o hospital ou centro de saúde, melhorar o bem estar e viver a quem tantas vezes vos critica! Força!!! Ainda há muita gente que valoriza como deve ser a tão privilegiada vida dos médicos!!

  41. Conseguiste mostrar a realidade em poucas palavras e mostrar que isto não é tão fácil como todos acham. Os sacrifícios são grandes e temos mesmo que abdicar de grande parte das coisas de que gostamos para termos tempo para nos preocuparmos com o que resta da nossa formação

    • jmalves a sua resposta demonstra que de profissionalismo tem pouco, quem vai a uma urgência com falta de ar não tem de saber ou de se preocupar com o valor que os profissionais que o tratam auferem, esses, ganhando o que ganharem são pagos para o fazer e se não o fazem da melhor forma estão a mais na profissão, quem pensa que 1800 brutos é pouco deveria trabalhar na construção, nas minas, ou na polícia… sim, porque ao contrário do que pensam os médicos, todas as profissões são necessárias e essenciais, todas lidam com vidas à sua maneira, e todas têm de ser pagas. Quanto ao matar a estudar, tenha o cuidado é de não matar ninguém por azelhice, ou descontração, queixe-se menos, trabalhe melhor, talvez se perder menos tempo em blogues e a queixar-se da vida e a usa-lo para ouvir mais os utentes e outros profissionais (mas atenção, sem ser em bicos de pés), possa andar mais feliz com a vida que tem. Escolheu a profissão para ganhar dinheiro ou pela profissão? É que tirando a política todas dão trabalho, em todas o dinheiro não chega, e em todas há a sensação de trabalhar para encher sacos… pense assim, ao menos tem trabalho, pode andar o dia todo de nariz empinado, a tratar como escravos os enfermeiros e outros, a não ligar puto ao utente que calhou de dar cabo da bexiga ao tratar o estomago, a ” deitar-se” com o seboso do chefe para subir uns degraus, e no fim, quem sabe, sair daí e ganhar dinheiro verdadeiro no privado.

      • Perdoai-lhes Senhor, eles não sabem o que falam. Sou filho de pais médicos mas decidi não seguir medicina. Vivo muito acima da média, sou um previligiado.

        Agora o que as pessoas não sabem é que os meus pais não vão à churrascaria da esquina o Sábado, estão a trabalhar!

        Quando não trabalham, estão a estudar!

        Não vamos comparar engenheiros, informáticos e outros com os médicos. O meu irmão é informático e eu engenheiro por isso sei bem do que falo.

        A responsabilidade simplesmente não é a mesma! Desculpem mas não é! Há um motivo para os pilotos ganharem bem, há um motivo para os médicos ganharem bem!

        Se eles fizerem merda somos nós que morremos! É essa a diferença! Quanto aos enfermeiros a minha mãe deu aulas a enfermagem.

        Pelo que me foi descrito o ritmo ao qual a matéria é leccionada em enfermagem é alucinante, muitas vezes ouvi a minha mãe a dizer “aquilo não tem jeito nenhum, é só debitar matéria, o esforço que eles têm que fazer não é normal”.

        Por isso digo é uma classe que está a ser prejudicada. Quanto a isso de poderem trabalhar no privado (os médicos), engraçado mas amigos meus cujos pais são engenheiros andam de aston martin (os meus pais têm uma passat, e esse foi o melhor carro que tivemos) por isso não me venham agora com essa conversa do privado. Há engenheiros a ganhar muito dinheiro neste pais mesmo com esta crise.

        Deixo aqui uma palavra de apreço aos meus caros engenheiros civis e aos advogados (também tenho muitos amigos advogados), sei bem o que têm que trabalhar para acabar o curso e singrar. Merecíamos ganhar mais, mas isto é a lei da procura e oferta.

        Cumprimentos a todos

  42. Com falta de experiência como menciona em cima quer ganhar tanto como um medico que tenha anos de experiência?
    Pode existir casos absurdos de ordenados altos mas isso acontece em todas as profissoes
    Também menciona que não é especialmente ambiciosa, mas está a mostrar o contrario, porque ainda nem experiência quase nenhuma tem e já ganha 1200€
    Uma pessoa em internato não se pode comparar a outra com muitos mais anos de experiência

    • Sou licenciada em Medicina e estou no meu quarto ano de experiência profissional pós-graduada. Um assistente (recém especialista) tem mais formação do que eu e na maior parte dos casos que conheço ganham 100-200 euros mais do que eu sem progressão na carreira ad aeternum. Se conhece a profissão médica, aprofunde. se não conhece investigue. O saber não ocupa lugar.

      • Engraçado, agradeça não ser professora, pois com 30 anos andaria de terra em terra, 2 meses aqui, 3 acolá, ganhando 500€ hoje, 300€ amanhã (os horários completos rareiam), e sabendo que ao ritmo que a coisa vai… se não está desempregada fica em 3 tempos.
        Acresce ainda que medicina, engenharia (o meu caso) e outros, têm reconhecimento no estrangeiro, mas os cursos de professor, em muitos casos, são tão “portugueses” que é impossível trabalhar lá fora como professor.

    • A sério??? A sério??? Com 30 anos e tem a lata de dizer que não tem experiência quase nenhuma????? ha 12 ou 13 anos a estudar e a trabalhar como cães e ainda acha que 1200 é muito??? devemos dizer obrigado é??? dizem que a culpa deste país é dos políticos e politiquices… pois eu cá acho que temos o país que merecemos!!! tacanhos quanto baste e abas abertas directamente para o umbigo… admiram-se que estejamos a emigrar! Parabéns pelo texto Ana Cátia, qual de nós não se revê nessas palavras!!

    • Caro qwertt,
      Na fase em que diz que ainda não temos experiência quase nenhuma já começamos a caminhada na medicina há 12 anos. E quando me entrar pela urgência dentro com uma falta de ar agonizante e lhe tratar o seu edema agudo do pulmão – que o mataria nos 30 minutos seguintes – comente por favor (assim que recuperar o fôlego) a exorbitância dos meus 1200€ de salário. Vou gostar de falar consigo, pelo menos até chegar o enfarte agudo do miocárdio.
      Frustrados estamos todos, mas não me parece que isso legitime a parvoíce.

    • E esta a fazer o seu trabalho e nada mais do que isso.
      Quando usar as macas do hospital, ou a ambulancia que o levou la a tempo vai agradecer aos engenheiros que o fizeram possivel?
      Ou ao tecnico de informatica que tornou tao rapido o processamento dos dados do doente, de modo a senhora saber o que pode ou nao dar-lhe.
      Se não esta contente com o seu salario tem muitas opçoes, procura outro emprego, imigra, etc.
      Peço desculpa pela falta de acentos no texto, mas o meu teclado tem essa tecla avariada.

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