A vida dos médicos privilegiados

Sou médica interna. Sou médica daquelas que demoram muito. Não entupo urgências, porque não trabalho lá, mas deve estar muita gente à minha espera, na sala onde se espera. De certeza que pensam que sou “estagiária”. Não tenho carro, vivo numa casa alugada, pago as contas (às vezes em atraso). Trabalho, estudo, vivo em constante preocupação porque tenho que estudar mais, tenho de fazer relatórios e posters e apresentações. Vivo entre exames, artigos científicos e isso sim, trabalho, muito trabalho. Ao meu lado estão outros médicos internos. Raramente adoecem.. estão lá, ganham o mesmo que eu. Estou motivada, mas menos motivada, estou lá, mas às vezes penso que devia estar noutro sítio. Às vezes chego ao fim do mês à justa. No talão diz 1800… acho…, mas chega bastante menos à conta na CGD. Não sou especialmente ambiciosa. Nem especialmente poupadora nem gastadora. Compro roupa na Zara e móveis no IKEA (dos baratos). Tenho o apartamento alugado meio vazio, mas não faz mal porque passo lá pouco tempo. Tenho uma secretária de 1,50m de largura no trabalho, que está sempre muito cheia. Tenho o novo corretor ortográfico no computador, mas irrita-me. Vou à pagina da  Ryanair quando estou pensar em férias. Mas cada vez penso menos. Não tenho animais de estimação, mas gosto de animais de estimação.  De manhã acordo mais tarde do que devia, mas chego a horas ao trabalho. Vou a pé, porque vivo na baixa (isso deve ser um luxo). Estou inscrita num ginásio ao qual raramente consigo ir. Cada vez que abro o facebook vejo salários de políticos aos quais não sei atribuir significado. Depois vejo salários de médicos que não conheço. Às vezes leio os comentários das pessoas revoltadas com o que ganham os médicos, com o bem que vivem. Eu devo ser da classe privilegiada, porque sou médica. Não tenho carro, não tenho casa própria, não tenho um iphone, porque me parece excessivamente caro. Ganho 1200 euros. Tenho 30 anos. Matei-me a estudar na faculdade, tenho o trabalho em dia, mas não sou lá muito inteligente porque me esqueci de pagar a conta da edp. Na sexta-feira cheguei às 21:00 a casa (devia ter saído às 18:00) e tinham-me cortado a luz. Tenho de me organizar melhor. Na televisão não falam dos sacrifícios, não dizem que fiquei horas a mais a fazer o trabalho que estava a menos, porque sou lenta talvez… Deve ser isso. Não fui para a night porque estava esgotada. Dormir é uma das minhas grandes prioridades. Não vou muito ao cinema, nem vou aos eventos culturais de que gostaria. Não viajo muito, nem vou jantar a restaurantes caros. Sou médica… é verdade. Médica interna,  jovem inexperiente. Daqueles que entopem urgências e custam muito dinheiro ao estado porque estão em formação… Deve ser melhor para os recém-assistentes que estão à espera do contrato para a semana há um ano… Ao longo do internato que vejo passar… só vejo as coisas piorar. Mas estou muito motivada, amanhã vou trabalhar.

Ana Cátia Morais

56 thoughts on “A vida dos médicos privilegiados

  1. Meu Deus, tanto resabiamento!
    Cátia, sou enfermeira e sei bem o desespero por que passa. Por trabalharmos tão perto de vós vamo-nos apercebendo realmente como é difícil ser médico, as pessoas realmente não sabem o que é trabalhar com algo tão frágil como é uma vida. As pessoas não imaginam o que é ter constantemente a responsabilidade de várias vidas nas mãos… De ir para casa a pensar se se tomou a decisão mais acertada, de durante a noite acordar a pensar se aquele utente que estava tão mal resistiu a mais uma noite, como estará aquela família que sofre tanto? Ser verdadeiramente médico (aqueles que honram a profissão e não os mercenários que só vêem números e não pessoas) é realmente mais do que o ordenado, mais que as horas feitas fora do horário, mais que as noites perdidas a estudar, as festas em família que se perdem por se estar de banco… É raramente ter um momento em que se pode relaxar e suspirar de alívio, é ter o peso do mundo nas costas e ainda assim arranjar um sorriso para aquele utente… Mesmo que por dentro estejamos a desabar.
    Sou enfermeira e há dias em que me apetece mandar tudo às urtigas e ter esse emprego das 9h as 17h, com direito a fim de semana… de não me preocupar em ter de deixar tudo feito porque não dá para ser só amanhã, de deixar o trabalho entre aquelas 4 paredes e só voltar a pensar nele quando voltar a pisar aquele chão. Mas depois passa… sempre passa, e nós lá vamos trabalhando.
    Muita força para si e toda a felicidade possível.

  2. Como sempre…a Ana Cátia:) muito bem esta partilha de sentimentos que tão bem conseguiste expor 🙂 Uma realidade atual…profunda…grave, que na verdade atinge médicos e não médicos. Seria interessante que todos exigissemos mais sem culpar os restantes.
    Cátia (“a velha”)

    • Olá Sra. Dra! Que bom vê-la por cá! De facto, chegou longe a minha reflexão. Tavez haja por aqui algumas palavras tuas… fruto de muitas conversas pelas ruas daquela outra baixa, noutro agora . Um beijinho grande.

  3. Cátia, deixo aqui o meu comentário para te dizer que para além de ter gostado da forma como escreveste, como médico interno fresquinho que começou a trabalhar há pouco tempo nesse cargo, quero tentar reforçar a ideia que está subjacente ao teu post – de que o que está aqui em causa são os sacrifícios que fazemos, as responsabilidades que temos, a necessidade (totalmente mandatória) da nossa formação contínua após os 6 anos da Licenciatura/Mestrado e, acima de tudo, o facto de não podermos fugir a nenhuma dessas três coisas, por muito que queiramos.
    Não quero estar a apontar o dedo a ninguém, nem a dizer que há opiniões certas ou erradas, simplesmente são opiniões distintas e isso todos temos o direito de ter e mostrar aos outros e por isso, respeito-as.
    Ao contrário do que muita gente pode pensar, há sempre aquele alguém que entra na faculdade de medicina sem sabermos como, porque conseguiu tirar 19 ou 20 nos exames nacionais; há sempre aquele outro que consegue acabar o curso (não importa em quantos anos) porque os pais ou os tios conhecem alguém na faculdade que o vai passando; há sempre aquele que até pode conseguir entrar numa especialidade tão cobiçada mesmo sem nota no exame da especialidade, só porque o puseram lá dentro num hospital que ele nem sabia que existia; mas uma coisa é certa, são esses que um dia podem chegar-se à frente quando são profissionais e assinam documentos dos seus doentes sem saberem o que estão a fazer – e a isso, eles não conseguem fugir (a não ser que não exerçam a Medicina no final de todo este percurso).
    Agora que estou a inserir-me no mundo do trabalho é que me consciencializo – não me queixo do que recebo no fim do mês em comparação com os meus colegas que fizeram o liceu comigo e têm outras profissões, é facto, porque recebo mais do que eles e reconheço-o a 200%.
    Também reconheço que os meus colegas que acabaram o curso de Direito estão no desemprego e quando eu digo que me descontam 35% do salário, eles me dizem: “pelo menos tens um salário onde te podem descontar…”.
    Mas felizmente tenho colegas que não são da área da Saúde como eu e que reconhecem que ao contrário de mim, na sua grande maioria estudaram 5 anos para tirar um curso e agora têm o típico horário “das 9 às 5” em dias úteis, não têm mais avaliações nem preocupações de formação a não ser que toda a sua classe profissional também precise deles e vivem no mesmo país que nós, com todas as mesmas dificuldades. Eu, se tiver um dia “das 9 às 5” entro mais cedo porque quero adiantar trabalho mas nunca consigo sair às 5, porque não vou deixar “para amanhã o que posso fazer hoje” – não porque não quero, mas porque se o fizer, posso deixar alguém a morrer mais um bocadinho e terei com certeza no dia seguinte vários familiares a pedir-me explicações porque o fiz, um processo em tribunal porque a culpa foi minha e uma sanção disciplinar por parte do meu hospital porque não cumpri com as minhas funções.
    E portanto, em vez de 40 horas semanais, faço pelo menos 50. Em vez de trabalhar as 8 horas seguidas por lei e ter as 11 horas de descanso por lei, trabalho 15 e descanso 5. Isto, mais que uma vez por semana, por vezes todas as semanas. E recebo o mesmo. E eu sei que quase toda a gente que trabalha para além do seu horário semanal também recebe o mesmo. Mas eu não me queixo por ser igual aos outros, queixo-me por mim. E é isso que a Cátia quer simbolizar, suponho eu.
    Eu, pelo menos, não reclamo pelo valor monetário. Porque eu faço aquilo que eu gosto, canso-me porque sinto prazer em ver os meus doentes a ter alta e não a definhar mais um dia na sua enfermaria. Durmo menos porque não tenho tempo para dormir mais. O problema é quando à sexta-feira ou ao fim-de-semana temos de ir trabalhar e não aguentamos mais esse “dormir pouco” ou esse “trabalhar mais”. E no fim, quem acaba por sofrer, para além de mim, são os meus doentes. Porque não dou o meu melhor, porque não consigo pensar como devia, porque não descansei como devia. E aí sim, deixo de sentir prazer no que faço.
    Porque, por mais engraçado ou anedótico que isso pareça, se eu entrar 45 minutos mais tarde porque tive um acidente de carro ou alguém em casa que está doente e precisou de ajuda, descontam-me no salário esse atraso. Mas quando eu trabalho mais 10 horas por me sentir motivado para cumprir o meu dever enquanto profissional de saúde e ver os outros bem, ninguém me dá mais por isso. As horas extraordinárias e as urgências milionárias que ainda muita gente julga que recebemos, acabaram. Os congressos à borla também. Todas essas regalias que antigamente de facto os médicos tinham e que eu próprio intitulo de macabras, exageradas e supérfluas, acabaram. E ainda bem.
    Prefiro que gastem esse dinheiro a comprar medicamentos caríssimos para as pobres crianças que têm uma doença oncológica quando mal sabem falar e cujos pais passam anos a juntar donativos para terem possibilidades para as levarem a Espanha fazer um tratamento porque aqui não há sequer essa possibilidade. Prefiro ver essas crianças sorrir em vez de ter um iPhone ou de ter um carro de 60 mil euros. Porque foi para isso que eu vim para Medicina, que estudei 6 anos, que vou estudar mais 6 a tirar uma especialidade, que gasto dinheiro ao estado para ser alguém na vida. Alguém para os outros, não só para mim.
    Força Cátia, vais ser uma grande médica e ainda uma maior mulher.

    • Pois e´… Eu percebo tudo o que dizem e ate lamento profundamente. Lamento profundamente alguns sacrificios e frustaçoes pessoais aqui focadas, sobretudo se forem uns medicos exemplares. Esses francamente , nao ha dinheiro que lhes pague a dedicação, carinho e uma entrega quase total a carreira de Medico, a favor de terceiros.
      Mas ultimamente tenho mudado de opiniao. Passei por azar pelo Amadora Sintra e o que encontrei foi a Urgencia cheia de pessoas idosas a dormitar, provavelmente, para nao dizer quase de certeza, sedadas. E ate conseguiam dormir… ressonar. etc e tal. Luzes TODAS acesas, medicos e pessoal em grandes movimentos… alguns ate corriam, fazendo barulho… NAO para socorrer alguem mas em marcha habitual. A medica mais ” esperta e mais jovem e mais pintalgada” (olhos todos pretos em baixo e em cima!) falava pelos cotovelos. Falou toda a noite! Alto e bom som. Estava contente ria-se as gargalhadas! Estava feliz, pelos vistos! Falava e refalava com outros medicos, tambem novos e falava (ELA mais do que eles) das suas noitadas e que eles tinham que experimentar. Aquilo sim, era so descontracção, dizia ela. Levou a noite TODA ate de manha quando foram substituidos pela nova equipa medica da manha. Entre as noitadas, a Troika e o Governo malvado e o Passos Coelho, malvado, que poe todos cada vez mais pobres’ falou de tudo! NUNCA se dirigiu a NENHUM doente…NUNCA falou para nenhum doente! Mas era medica…estava de serviço! Ok… se calhar nao ganhava o suficiente para se preocupar com NINGUEM, dentro do Hospital que estivesse internado ou em Observaçao. Eu estava em Observação…por engano!
      Foi-me detectado um “possivel” cancro na mama esquerda, depois de uma duvida que me levou a Ressonancia Magnetica.. Andei desorientada. Fartei-me de chorar. Perdi o sono..mas NUNCA ate hoje, a nao ser aqui, comentei fosse com quem fossse o meu estado de saude. Deixei de conseguir dormir… andei mais de 2 semanas sem conseguir dormir. Um dia cansada de nao conseguir dormir, tomei Metade de um Sedoxil…e nao dormia… fui a gaveta e tomei mais metade…continuava sem dormir…ok entao tomei mais metade e pelos vistos adormeci profundamente.
      Telemovel baixinho, marido fora do Pais. Sozinha em casa. E as 23 horas uma sobrinha ligou-me e eu claro nao ouvi. Mandou sms e eu nao ouvi. Ligou para uma irma minha (madrinha dela) e tocam todas a telefonar. E eu finalmente tinha conseguido o meu tao ansioso descanso!
      Acordei a meia noite com 5 pessoas no quarto! 2 Bombeiros e 3 Policias!
      Nao ouvi o Bambino, cachorrinho que dorme na cozinha e que da´sinal de TUDO e nem sequer ouvi o alarme da Securitas…
      Uma invasao que entraram pela janela e que me custou 1000euros…, porque NINGUEM tinha chave e NINGUEM se lembrou do sitio secreto da chave…
      Nao consegui convencer os meus intrusos de que estava BEM…agarram-me e meteram-me numa Ambulancia e aterrei no Amadora Sintra.
      A tal medica nova, e muito “esperta”…so ela falava e dava ordens! Nao me perguntou de doenças…de alergias e toca a dizer ” oh colabora ou vou ter de a amarrar para fazermos uma lavagem ao estomago”… e eu o que???? so pode estar a brincar…disse-lhe eu. Ai nao estou nada, vai ja levar o castigo!
      A seguir veio-me uma loiraça…pintada, nao natural, com uma seringa na mao… e eu perguntei , mas o que se passa aqui afinal?
      Ninguem me perguntou nada ainda e quem julgam que eu sou ou que julgam que me vao fazer? E ela aos berros LAVAGEM AO ESTOMAGO… e´estupida ou nao percebeu?
      Percebi logo, que estava no local errado a hora errada…
      Tentei falar…nao me deixou! Mandou-me calar e que ali quem mandava era ela!
      E eu, oh que carambas, isto nao me está a acontecer…
      Disse-lhe que tinha Arritmia e que uma lavagem ao estomago me ia arruinar a saude e me iria trazer problemas cardiovasculares… alem de eu nao ter INGERIDO COISA NENHUMA e que nao corria perigo, ( se tivesse ingerido ja teria morrido atendendo as horas que ja eram!) Que foi apenas uma precipitação de quem telefonou para a Policia e Bombeiros… a pensarem que sim, me estariam a ajudar e que eu corria perigo.
      Respondeu : nao quero nem saber, lavagem ao estomago que vai ser uma beleza.
      Senti medo, muito medo e pensei que ela era louca…
      Acabei por lhe dizer…faça o que entender, na certeza porem, se eu nao sobreviver, quem ca ficar vai-lhe pedir contas em relaçao a este seu comportamento, que nao tem nada de ectico ou profissional. Riu-se a gargalhada. Ao mesmo tempo piscou o olho a loira e ela picou-me o braço direito a PIQUE 5 vezes… eu dei 2 pulos na maca e perguntei, o que ela pensava que estava a fazer? Respondeu-me a rir, ” tirar sangue para analises, nao ve bem???”… e eu, a PIQUE???? experimente com a agulha deitada e vai ver que consegue melhor trabalho. Andei 3 semanas com o braço esquerdo todo ROXO.
      Tirou-me 5 frasquinhos de sangue cheios… nunca NINGUEM me tirou tanto sangue de uma so vez!
      Insistiu em arramar-me e eu disse-lhe ” voce ou está louca ou nunca teve juizo, e isso e´muito grave”…ja lhe dou a dose certa, respondeu.
      NUNCA falei do meu estado de Saude… ninguem me perguntava nada.
      Afastaram-me a maca/cama para o lado do corredor, Acendeu uma luz fluorescente em cima mesmo de mim… e injectaram-me, algo, que ainda hoje nao sei o que foi e ja perguntei a quem de direito… e ainda ninguem me soube dizer.
      Eu fiquei com 2 frascos de soro injectados directamente na veia do braco .
      Nao consegui dormir NADA toda a noite, com o barulho e eventualmente com alteração nervosa a que me sujeitaram.
      Levei a noite cheia de dores de cabeça, dores de estomago… e ainda hoje parece que fiquei com o estomago queimado. Vem mesmo um ardor que queima, pela garganta acima, varias vezes ao dia. Isto tudo aconteceu em Fins de Outubro e eu ainda nao estou bem.
      Penso que quando for fazer quimioterapia, devo ir passar muito mal, devido, nao sei bem o que.
      Sai do Hospital, porque o medico, um querido… veio falar comigo e nao percebia porque tinha na minha ficha o “pedido de internamento em Psiquiatria e com urgencia”…
      Sinceramente, cheia de dores de cabeça e dores de estomago, deu-me vontade de rir… e ri-me e ate disse ao medico ” a serio??”.
      Estivemos a conversar eu expliquei-lhe o que aconteceu em minha casa e no Hospital… PELA PRIMEIRA VEZ O MEDICO as 10 da manha me estava a questionar, como paciente! INCRIVEL…
      Ele entao disse-me que, para nao contrariar a colega, o que ele ia fazer era pedir para vir 2 colegas de Psiquiatria as Urgencias, em vez de me mandar subir, senao nunca mais de deixavam sair antes de 2 ou 3 meses!…
      Veio uma Psiquiatra e nao 2… e ela falou e fez perguntas e ao fim de 10 minutos disse-me ” mas eu nao compreendo porque a senhora tem um pedido de internamento. A senhora parece-me perfeita e de boa capacidade de raciocinio e perfeitamente equilibrada. Olhe eu vou dizer ao meu colega para lhe dar alta, ate que ele tambem me disse que nao achava nada que justificasse a sua noite aqui e muito menos internamento.
      JURO… eu tinha levado a noite toda a pedir a Deus, que se Ele existisse que a equipa da manha fosse com medicos competentes. E FOI…
      Deram-me alta as 11,30h… e eu esperava a minha irma com as minhas roupas. O medico entretanto saiu da sala.
      Alguem pegou na minha cama e levou-me para uma sala de enfermaria.
      Eu nem percebi nada de estranho. As 15 horas o medico entra na enfermaria e olhou para mim e disse ” a senhora aqui?” e saiu. Ele ia mesmo com muita pressa. Apanhou um material esterilizado e saiu.
      Passados uns 15 minutos mais ou menos veio um enfermeiro e disse a enfermeira da sala, que lia a revista Caras… “aquela senhora ja teve alta e tem a familia a espera” e ela respondeu , ” nao faz mal”. A enfermeira a quem eu tinha pedido uns chinelos para ir ao WC e olhou e nem respondeu… e eu passado mais de meia hora levantei-me e ela aos gritos” aonde a senhora vai, ta maluca?? a senhora cai…” Nao respondi… dirigi-me a uma bancada aonde estavam uns chinelos ainda dentro da embalagem (descartaveis) , peguei e fui ao WC.
      As 15:45H a minha irma entra na sala e eu estava com os olhos cheios de lagrimas…ja nao aguentava mais.
      A medica da noite anterior, fez de mim gato sapato…e eu estava a sofrer represalias.
      JURO…que NUNCA em tempo algum fui tao mal tratada e eu NUNCA FUI mal educada. Nao faz parte da minha maneira de estar na vida (sou tambem licenciada em Ciencias Sociais, com Especializaçao em Saude e Desenvolvimento de Crianças – com Tese em Crianças com Dificuldades Acrescidas Mentais/Motoras).Tentei sempre manter a calma… mas tentei tambem sempre que nao me fizessem lavagem ao estomago, naturalmente.
      A catraia, deveria precisar de fazer alguma lavagem ao estomago para aprender…so pode ser..
      Ha medicos e medicos!
      Esta rapariga NUNCA DEVERIA TER SIDO PERMITIDO OBTER AUTORIZAÇÂO PARA ENTRAR NUM HOSPITAL COMO SE FOSSE MEDICA… nem para Estagio… nem para Interna…
      Esta rapariga NUNCA deveria ter entrado NUMA UNIVERSIDADE DE MEDICINA… que ainda e´paga por TODOS nos, os Contribuintes!
      Nos, os cidadãos pagamos a MAIOR FATIA da educaçao destes jovens…e de outras Universidades, claro! A nao ser as privadas!
      Esta rapariga, nao merece fazer parte da Classe Medica… nem TER CARTEIRA PROFISSIONAL.
      Merece sim… ser avaliada e reavaliada e ver ate que ponto esta rapariga tem condições para estar a exercer uma Profissao aonde estao as vidas de outros em perigo…
      Missao do Medico e´ajudar a dar vida… nao a tirar vida! Respeitar o proximo, e tentar fazer e dar o seu melhor para causar o bem estar de terceiros, em termos de Saude.
      Esta Medica, preocupada com a Troika, com o Governo, com as noitadas… so pode ter ido atras de uma carreira por dinheiro! Mas vai ter grandes surpresas!
      Eu mesma, ja lhe estou a preparar algumas surpresas!
      BEM HAJAM OS MEDICOS/MEDICAS POR VOCAÇÃO… sim realmente, concordo que deveriam ser melhor pagos.
      Mas isso ja os pacientes nao tem culpa.
      FELICIDADES a todos e um BOM ANO 2014!

    • Ahhh e esqueci-me de dizer…
      A minha irma foi ao Hospital e antes de sair, assinou em como se responsabilizava e que eu nao tinha tomado nada!
      Se a medica nao era doida era o que?? :o))
      E a doida era eu, como dizia o Scollari :o))
      CORAGEM aos que lutam por uma Classe Medica Exemplar e bem remunerada e com MELHORES condiçoes de trabalho!

  4. Também eu sou médica interna. Quase acabar a especialidade de Medicina Geral e Familiar (especialidade desde 1981 mas ainda desconhecida por muita gente… para o “zé povinho”, o médico de família continua a ser o médico indiferenciado…)
    Revejo-me nas tuas palavras. Também eu sou uma médica privilegiada. Mas de uma geração de jovens que olha para um Futuro cheio de nevoeiro e de incertezas. Sim, porque não foi só a classe dos ditos médicos privilegiados (respondendo aos que gostam especialmente de atacar a nossa classe…) que arruinaram um Amanhã promissor mas toda uma geração de engenheiros, economistas, políticos, professores, construtores civis e outros mais, que foram rompendo o sistema até mais não…
    Queria ser médica desde a 4ª classe. Não tive a nota necessária. Entrei primeiro em Ciências da Natureza, mudei para Medicina Dentária e à terceira entrei em Medicina. Fiz os exames nacionais 6 vezes (época Junho/Setembro) para melhorar notas. Apesar do meu pai me ter tentado convencer a ir estudar para Salamanca, achava ridículo ter de sair do meu país para ser médica (como admiro os colegas que se vêm obrigados a sair para bem mais longe…).
    Depois de 9 anos na faculdade, estive “enclausurada” em casa durante 4 meses a “marrar” 10-11h/dia para um exame, cuja preparação é baseada num livro Americano de 2000 páginas, e que iria determinar a escolha da especialidade. Durante a especialidade tenho avaliações, relatórios, apresentação de trabalhos (posters, comunicações orais, artigos, protocolos…) de 3-3 meses ou anualmente e no fim, vou ter exame de saída da especialidade perante um júri de 5 elementos que dura 3-4 dias, como todos os outros colegas, onde apresentamos todo o trabalho desenvolvido nos anos anteriores sob a forma de curriculum… Depois deste longo percurso, serei finalmente médica especialista de MGF, responsável por 1900 utentes…
    Lamento dizer a muito boa gente mas Medicina não é de facto um curso qualquer, nem um curso como qualquer outro. Eu sei que só compreende isto quem realmente passa por lá. Pois, eu sei… olhando à minha volta, estou melhor que muitos outros, dirão… Mas também eu tenho um empréstimo bancário para pagar, mais a escola das duas filhas, as contas ao fim do mês, a minha formação, etc, etc…
    E há quem diga de boca cheia que ganhamos muito bem… Sabem o que vos digo? Não há dinheiro que pague a responsabilidade de ter a vida humana nas mãos. E as horas de urgência sem condições físicas e outras mínimas, com doentes “à pinha”? E as horas de almoço contempladas no meu horário mas que ficam sem almoço demasiadas vezes? E as horas, de suposto descanso, que são frequentemente interrompidas por pedidos de ajuda ou até situações agudas inesperadas na rua, às quais não posso ficar indiferente? Um médico nunca tem descanso, tem de estar sempre pronto. Pronto a todos os níveis: físico, atualizado intelectual e cientificamente, preparado psicologicamente,… E o desgaste? Sabem lá o que é passar os dias a suportar a dor dos outros, acalentar, a dar esperança e ânimo, a sentir a impotência de às vezes nada mais poder fazer… Falo de vocação, entrega, resiliência. E no fim do dia, não esquecer de que é preciso esvaziar a mala à entrada da nossa casa porque lá dentro existe uma outra vida a decorrer.
    Eu diria que sou privilegiada, sim, sou uma pessoa privilegiada porque consegui efetivamente ser médica como queria ser. E é isso que me move e me realiza dia após dia.

    • Tudo isto é muito bonito! Fazer o que se gosta…
      Não paga a renda da casa, não paga os estudos, não paga o sustento da família, não paga os estudos dos filhos, e por aí fora.
      Não compensa a falta de tempo em família, não compensa a falta de acompanhamento dos filhos.
      E acima de tudo o que chateia é a falta de respeito pelo trabalho realizado!

  5. Bem. Antes de mais gosto muito da forma como escreveste. Muito clara, sucinta e simples. Sem dúvida o trabalho de médico é uma profissão que exige muito esforço e perseverança. Sou estudante de 4o ano de medicina em Praga. Ainda não sei o que é trabalhar mas sei o que é fazer as coisas sozinho e ter imenso que estudar. A melhor coisa que podes levar no meio dessa azáfama, monotonia e cansaço, é essa força/motivação que tens dentro de ti e que te faz acordar todos os dias pronta para mais um dia, preparada para lutar mais uma vez e para dar o melhor que tenho, sou e sei aos outros. 🙂 Como a minha avó diz: ” A vida são dois dias”. Coragem e alegria! 😀

    • Perhaps the issue is retondiucism. Reductionist metaphysics holds that that which is more primitive is more real. This applies to art no less than science, where the search is on for the lowest common denominator.

  6. è de mim ou vocês são praticamente a única classe que recebe por estar em ”formação”? (e não estamos a falar de subsidio, mas de um ordenado bem melhor que a maioria da população, direito a todos os subsídios), mais, o estado ainda vos possibilita uma segunda especialidade (paga na integra também). Mais alguém tem isso? Congressos pagos? e todas e mais algumas regalias por serem médicos (e isso ja inclui os ”estagiarios”).
    Vamos falar de trabalho? trabalho em três sítios, mais de 12 horas por dia, a recibos verdes. O estado fica com 25% do meu ordenado todos os meses e ainda com 23% do iva a cada trimestre. Após esta batalha semanal consigo ganhar 1000€ por mes (a trabalhar em 3 sítios). Não tenho subsidio de ferias (se quiser ferias, não recebo nada e ainda perco os dias que não trabalho); nao tenho direito a baixa (se ficar doente fico em casa e não ganho)… devo continuar? mudava alguma coisa? digo com todas as letras: se soubesse o que sei hoje ia sem duvida para medicina, e a seguir, tirava o curso que tirei, Fisioterapia.
    Deixe que lhe diga que estou mesmo com pena sua. Ou NÃO!

    • Sara, tem algum amigo na profissão médica? Fale com ele para se informar e pergunte-lhe como se forma um médico especialista. Se falasse com o tal hipotético amigo saberia que não é estagiário que se diz e que se considera, senão interno. E que a formação é trabalho duro. Parece incrível como alguém que está ligado à saúde tenha tão pouco conhecimento sobre a formação médica. Eu não tenho congressos pagos e queria que especificasse as tais ” todas e mais algumas regalias”. Gosto de conversas fundamentadas. Quanto à sua vida, aconselho vivamente a estudar Medicina. É só estudar bem para os exames de acesso, estudar bem, muito bem, 6 anos de Universidade, mais meio ano a estudar como nunca pensou ser possível para o exame da especialidade e depois estudar cada ano para os exames anuais da especialidade e depois estudar mesmo muito bem para o exame de saída da especialidade. isto tudo, claro, a trabalhar duro. Ah e depois, estudar bem para se manter actualizada. Embarque nessa viagem, a vida é constante movimento. Quanto a tirar Medicina e Fisioterapia depois, aí fiquei um bocado baralhada, se bem a tinha entendido até aí.

      • Eu licenciei-me inicialmente em Anatomia Patológica (Tecnologia da Saúde, tal como Fisioterapia), foi a minha primeira escolha, foi aquilo que sempre quis. Trabalhei como Técnica num hospital durante 5 anos, fiz formação pós-graduada e dei aulas. Só depois decidi concorrer a Medicina, já consciente do longo e árduo caminho que teria à minha frente; neste momento, sou aluna do 5.º ano de Medicina (continuando a trabalhar).
        Durante a minha curta carreira de Técnica de Diagnóstico e Terapêutica (e ainda hoje, noutras funções), sempre RESPEITEI as tarefas desempenhadas por todos os profissionais naquele meio hospitalar, fossem eles médicos, colegas técnicos, enfermeiros, auxiliares, administrativos… porque a saúde é um meio multidisciplinar, em que todos são importantes.
        Sara, sendo professional da saúde, já andaste num carro do INEM? Já passaste uma noite na emergência dum hospital? Já estiveste numa sala de neonatologia? E na neurologia? e numa enfermaria de medicina interna?
        Sara, como doente, já estiveste internada? Já estiveste acamada sem te mexeres e a precisar da simpatia dum enfermeiro? Eu já e tive.
        Já tiveste algum familiar internado? Já tiveste algum familiar atendido por um “estagiário tão novinho” e tão simpático? Provavelmente não… mas vais ter… porque nos calha a todos.
        Lamento que a tua jovialidade não te permita perceber que a tua revolta é contra a tua própria classe profissional: olha bem à tua volta.

      • Cara Sara,
        Se tivesse conseguido entrar e terminado o curso de medicina, e não estou a pôr em causa esse pressuposto, veria como essas “facilidades” são uma falácia. Para ter o reconhecimento merecido e uma situação económica compatível ao trabalho efectuado, ao fim de quase 30 anos de carreira em Portugal, fui convidado pelo PC a emigrar. Vivo no Reino Unido, trabalho no NHS desde Setembro 2012 e aqui tenho o reconhecimento e as condições de trabalho que desejava. Como diria um elemento do governo do PC, saia da sua zona de conforto e rume a novos destinos onde poderá trabalhar de modo condigno.
        Cumprimentos,
        J Tavares

      • Sara, não deve ter percebido ainda a diferença entre a sua formação e a de um médico, nem a responsabilidade. Ser médico não é uma regalia, é ter a mais exigente das profissões, depois da mais exigente das formações, e ainda o olhar maldoso dos que teimam em não querer ver o óbvio. Informe-se melhor, um fisioterapeuta tem essa obrigação (ética).

    • Portugal não evolui por isto…. Mentalidades reduzidas e invejosas! Gostava de ver toda esta gente demasiada crítica a passar por metade daquilo que passamos e, aí sim, veríamos quantos ficavam pelo caminho!!
      Ser médico implica trabalho, dedicação, amor a profissão … Mas garanto que chegar a casa ao final do dia ( quando não e uns dias depois)e ver os filhos crescerem na nossa ausência … Não são pagos pelos 1200€ que trazemos para casa ao final do mês!

      • reÛÛ/Û±Û³Û¹Û±eÛ°z¹/a°Û¶ salamchera axaye rooze ashoora va nakhl ro nazashtid?chera inghadr kam kari???? kheyli behtar mitoonestid az murche khort defa konid va behtar moarefi… ama be nazare man kheyli movafagh naboodidax’haee k gozashtid hich kari reoosh soorat nagerefte.. mitoonestid kheyli behtar az ina kar konid.ama be khatere in hematetoon va karetoon beheton tabrik migambe omide karaye behtar.bedrood

    • Ana Catia Morais, tenho muitos amigos medicos, alguns dos quais estao este ano no ”ano comum” e ja ganham or ordenados que mencionei, vão a congressos com tudo pago pela propaganda medica e não têm problema nenhum em admitir isso. Tenho inclusive um amigo meu que se orgulha de fazer urgencias por ser tão bem pago por as fazer. Atenção que não tenho nada contra medicos, antes pelo contrario, mas que se sintam prejudicados? tendo em conta o panorama geral? que merecem mais, merecem. Merecem todas as regalias e mais algumas. Mas de acordo com a nossa realidade, com tudo o que se passa nas outras profissoes e classes devem-se sentir tão injustiçados assim? acho que nao!
      Lorenzo, acho que nao percebeu que eu defendo precisamente o que disse. por isso e que considero que todos os ligados à saude (e não so) desde enfermeiros, radiologistas etc merecem as mesmas regalias que os medicos, que apesar de não terem de estudar tantos anos, têm muitas vezes a mesma responsabilidade, dedicação e empenho que estes.

    • e porque e que são mais do que os professores, enfermeiros, educadores, etc? todos eles se dedicam aos seu trabalhos com a mesma dedicação e muitos recebem metade de 1200€. desculpe que lhe diga mas falam de barriga cheia.

    • There is no need to panic in Lakerland. I mean, seriously, guys… the team is STILL 21-5. Do you know how many teams want to be 21-5 right about now? Probably about 27 other teams.I did question putting in Luke Walton in the starting line-up. It was mentioned that it was to get the offense working… when I think the bigger question mark is defense. I love Luke’s offensive game but why put him in the starting line-up when he’s worse than Radmanovic on deyn?seeAnywaf, if we see the team’s defense intensify in the playoffs like it did early in the season, the Lakers will be just fine. No need for additional trades. Unless it’s a Gasol-like heist.

  7. Um texto muito interessante de facto. Os maus profissionais há em todas as areas. Penso que no caso dos médicos, a problemática reside no facto ser um profissão socialmente mais valorizada, (não sei porque na verdade…) e de se achar que os médicos são super-sumos, super inteligentes e que percebem de tudo. Como é que explica, que o mesmo paciente vá a 3 médicos e haja 3 opiniões diferentes, e bem distintas? Porque haverá um médico inexperiente receber 1800€, quando um engenheiro, um arquitecto receber 800?! quais serão as competências que o valorizam, foi ter estudado muito?!? Não me parece… tem uma ordem que os defende ate tutano pelas razoes mais ridículas, muitas vezes. Penso que a classe médica perde porque existem médicos que são autênticos mercenários, entram em esquemas de receituário manhoso, dizem que estão no publico e fazem operações no privado. É uma profissão que exige uma responsabilidade social adicional, se não se estiver preparado para o ser, nunca se será um médico a sério. Há médicos que fazem carreira no publico, e ganham o dinheiro no privado. Há médicos que fazem carreira no privado e roubam no publico, e há médicos que ficam no publico, por missão. Não conheço ninguém que seja rico pq ganha 3000€ ou 4000€, mas há medicos que fazem grandes vidas com menos. Estranho não?! Na vida médica como em todas as outras… o justo paga sempre pelo pecador.

    • Boa tarde,

      Não sou médico, apesar de licenciado penso que todos devemos receber pela responsabilidade e pelo o esforço que tivemos que dispensar para ajudar a sociedade. Bem se assim o é, e visualizando em casa uma irmã minha que estudou em medicina e que por isso não sabe o que é adolescência porque foi obrigada a agarrar-se aos livros para cumprir o seu exigente objetivo, que não sabe o que é ter umas férias agradáveis porque tem um exame com tanto que estudar que até mete pena penso que os médicos estagiários e que não abusam das consultas privadas para ficarem ricos são EXPLORADOS por uma sociedade ignorante que é a nossa. Pois bem são estes mesmos “seres humanos” que nós imploramos que façam algo quando vemos alguém querido em apuros, são estes “profissionais valorizados” que nós queremos que não cometam erros. Ora bem, se estes são assim tão cruciais penso que temos de os valorizar como tal e que eles merecem todo o apreço e toda uma vida digna de pessoas normais.

      • Sr Silva, não se esqueça que ser médico implica poder decidir da vida e da morte, e isso só se consegue após “ter estudado muito” (de facto, mais que os outros estudam) e passar por um processo de aprendizagem e avaliação que não existe em mais nenhuma profissão. Quando adoecer e precisar de ajuda pense nisso, e no reconhecimento que devia dar a quer for tratar de si. Se não percebeu ainda porque é que os médicos são tão valorizados pense nisto. Faz diferença, não é ?

      • Down south here we got about a 1/3 of an inch of hard freezing rain. I got the truck in (carefully, it's a tiny garage) to defrost without busting a move.This morning, Barkley was out on the zip line doing "Snoopy on Ice!". We're going to roast some jalapenos and a chicken for tortilla soup and hunker down til Monday. Be careful out there.

  8. Gostei muito do texto com o qual me identifico. Já não tenho 30 mas 55! Trabalho das 8 às 20h, por vezes mais e sou ‘ dona de casa’ e mãe de filhos. Ouço queixas, lamentos, disparates , má educação de doentes, auxiliares e colegas, infelizmente. Trabalho todas essas horas para poder ter a casa, o carro e o iphone. Noites? só a trabalhar quando é preciso,de outra maneira o cansaço não permite. E ainda há quem pense que ser médico é um estatuto! Estatuto, é ser politico, futebolista , protagonista no BigBrother ou modelo.Apesar de todas as últimas reformas, ainda estou motivada. ‘Os cães ladram e a caravana passa…

    oumodelo. Mas, apesar de tudo ainda estou motivada. Graças a Deus.afim afim top model

  9. Ao João das 6:14 pm do dia January 21, 2014…
    Ganhas 2870€ e até citas Camões, mas não sabes escrever português.
    É uma pena…

      • O que eles querem sei eu deves ser um bocado estúpido, quando se entra numa argumentação já com duas pedras na mão dá nisso. Então não leste que o zé das couves se estava a dirigir ao comentário do joao, das 6:14?

        Santa ignorância, deves ser dos que lê na diagonal.

  10. é um retrato triste da geração de colegas mais novos. um retrato que temo invada tb a MGF, qd começarem a sentir-se os efeitos das listas de 1900 utentes. ao lê-lo sinto-me privilegiada sim, por ter iniciado a minha vida profissional com muito mais ânimo, recompensa monetária e, sobretudo, mais esperança. privilegiada por ainda ter um horário de trabalho decente e um salário decente (só já não tenho tanta esperança). quase me sinto mal, que diabo, apesar de achar que não sou culpada. mas sinto-me um pouco frustrada por não ter sido capaz de evitar que isto acontecesse, aos nossos colegas, à medicina e aos nossos pacientes.

  11. Admiro-vos a capacidade de trabalho – pelos inúmeros bancos que fazem, pela ingratidão e falta de respeito que têm de aturar da parte de múltiplos doentes (e familiares), pelas instalações miseráveis em que têm frequentemente de atender doentes em urgências intermináveis, pela falta de respeito de boa parte da nossa sociedade para convosco que ainda vos considera uma “classe privilegiada e demasiado bem paga” quando claramente não o são.
    A minha admiração não vale de muito, mas deixo-a aqui.

  12. Traduz bem o sentimento de muitos médicos internos e de muitos jovens profissionais de outras áreas. Já lá vai o tempo em que os médicos eram grandes privilegiados…
    Partilhei.

  13. Traduz bem o sentimento de muitos médicos internos e de muitos jovens profissionais de outras áreas. Já lá vai o tempo em que os médicos eram grandes privilegiados…
    Partilhei.

  14. Hugo, se te dedicasses mais e estudasses terias tudo melhores notas! Poderias ter ido para Medicina mas provavelmente passaste o curso na borga… Noitadas e tal. Medicina é igual a sacrifício. E a Cátia continua a estudar! Porque quando ela chega a casa às 22 quando devia ter chegado às 19h00 ainda tem que ir estudar! Está preocupada pq o trabalho não se esgota quando saí do Hospital! E para além disso não conheço outro curso com duração de 6 anos para escravatura no internato de 4 a 6 anos… Para não falar na responsabilidade. Não sei bem o que fazes mas doentes não são parafusos! Os parafusos se saírem pior, faz-se outro… Nem programas de computador… Para a próxima sacrifica-te e entra num curso como deve ser em vez de mandares postas de pescada!

  15. Hugo fico infeliz por ti, por teres estudado 6 anos para fazeres a licenciatura. Deves ter reprovado alguns anos. Quantos?
    Desejo boa sorte para ti

    • desculpa mas ninguem vai para medicina sem saber o que lhes espera. e obvio que é preciso estudo e dedicação, mas ja o sabiam assim que escolhem o curso. quanto a estudar em casa, muitos profissionais de muitas areas o fazem. Na minha faço, o meu namorado que é informatico faz, os meus pais sao professores e sempre trabalharam muito em casa para serem melhores no que fazem. Parem por favor de olharem so para o vosso umbigo!

  16. todos levámos esta escada de sacrificio, é o nosso caminho.
    ninguém assenta praça em general
    ter trabalho é otimo
    mas nao chega!
    nao é o vencimento, é o empobrecimento de espetativas
    é o denegrir as carreiras, medicas, de direito, do ensino, enfermagem, da engenheiria, veterinaria agronomia e todas as outras que não referi.
    pagam mal, a todos os funcinários comuns!
    vocês que são jovens nao lutem entre vós, unam-se!
    Portugal precisa de todos vós.

  17. Trabalho há 12 anos como nutricionista, atualmente ganho menos de quando me licenciei… Os meus 1000 euros no salário deste mês motivam-me significativamente. O meu país não tem formação para me oferecer (já fiz a especialidade em nutrição clínica), tenho que ir lá fora ao congresso Europeu para atualizar os meus conhecimentos na área clínica e claro pago do meu bolso porque os laboratórios não patrocinam quem não lhes dá dinheiro… O ministério da saúde cortou o acesso ao B-on aos centros de saúde agora tenho de andar a mendigar a médicos que conheço lá fora para me enviarem as últimas publicações para eu me atualizar. Estou há 6 anos nos cuidados de saúde primários a contrato precário, porque o nosso governo cumpre as leis (já devia estar a contrato sem termo), há espera da colocação num concurso que saiu há 2 anos para a ARS Norte. Não tenho balança que pese utentes mais de 150kg, a fita métrica é minha, o pc no meu gabinete é o único que está em condições no CS de Chaves1 porque sou eu que lhe faço a manutenção possível, desde desfragamentação a manutenção dos ficheiros de sistema, limpeza do restry. Ao computador que tenho em Valpaços tentei de tudo para o por a responder em menos de 2 minutos a tudo que faço até abrir um ficheiro de word, até mesmo overclocking, está tão velho que não resultou. O aparelho de bioimpedância para avaliar a composição corporal (doado por um laboratório há 10 anos) estragou-se, não tem reparação, pedi substituição, nada. O processo clínico é escrito há mão, os nutricionistas não têm acesso ao SAM devido a burocracias da ACSS (apesar dos hospitais EPE já o terem). Hoje recebi tive mais 2 novos doentes, mais 2 que a informação clínica na folha de encaminhamento não veio completa, em um deles “esqueceram-se” de mencionar que tinha depressão major, que fez histerectomia total, problemas renais (eu não consegui descobrir exatamente o quê porque a utente não soube explicar) deduzidas porque a utente disse-me que andava na consulta de nefrologia. Passei mais de meia hora a retirar a história clínica que podia ter sido simplesmente impressa e anexada à folha de referenciação. Trabalho com um conjunto de profissionais de saúde que completamente descuram os efeitos adversos da medicação ou desconhecem nomeadamente a deficiência de B12 provocada pela metformina e inibidores da bomba de protões e que consideram um colesterol de 100 óptimo (o doente só está em risco de demência com estes valores…). Tenho que suplicar para fazerem avaliação analítica do estado nutricional porque não posso eu pedir as análises.
    Este mês, mais uma vez, esqueceram-se de pagar as ajudas de custo das minhas deslocações semanais ao centro de saúde de Valpaços (trabalho em Chaves), que me obrigaram a fazer só para mostrar no papel que aquela unidade também tem nutricionista. Bem vinda à função pública. Não sei qual das duas está pior.

  18. Resta saber Hugo, se a população em geral te vê como um priveligiado! Resta saber se o teu Curso te exigiu o mesmo grau de esforço para entrar na faculdade e para sair dela! Resta saber se a tua profissão te exige o mesmo grau de responsabilidade que o de ter nas mãos a vida de alguém! Resta saber se aos 30 anos ainda está em formação e além das inúmeras horas passadas no teu trabalho te exigem inúmeras horas dedicadas a estudo contínuo e formação que consomem os teus fins de dia e fins-de-semana! Resta saber se a tua profissão te exige disponibilidade para serviços de urgências noturnos seguidos de horário normal no dia seguinte!…Há tanto que resta saber!

  19. Hugo interpretas-te mal o texto dela, isto não se trata de uma competição de quem ganha menos!
    Motivação foi a palavra que me cativou….motivação cada vez menor por um país que não nos merece! Ainda não cheguei aos 30 (26) recebo um bocado mais de 1200€ no talão diz 2870€ mas 52% ficam para Estado….eles devem precisar mais do que eu!
    Adorei o texto, consegui integrar e rever me, motivado mas pouco, triste com o que me rodeia, triste com o país que amo onde vejo tudo o que é nosso a ser vendido a estrangeiros.
    “Esta é a ditosa pátria minha amada”, Luís de Camões, encontra-se escrita no estandarte nacional, arrepio-me sempre que leio e no entanto de dia para dia entristece-me…..é esta a ditosa pátria minha amada?

  20. Eu sou licenciado, sim também tenho 30 anos, sim também estudei os mesmos anos que tu, sim também chego a casa às 22 quando devia ter chagado às 19, sim recebo 690€ no talão e sim à conta da CGD também chega muito menos, e infelizmente ainda não tenho casa alugada em meu nome, pois o que recebo não me chega para isso, tenho que morar por enquanto em casa dos pais. Quem não chora não mama.

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